Cícero vence em quatro das cinco zonas eleitorais da capital, mas diferença de votos é baixa
João Pessoa tem 817,5 mil habitantes. Destes, 522.269 são eleitores e estão distribuídos em cinco zonas eleitorais: 77, 76, 70, 001, 64. Mas uma fatia considerável dos eleitores pessoenses não foi às urnas neste dia 29 de novembro. Somando abstenções (23,34 %), votos brancos e nulos (13,06%), o resultado impressiona: 121.917 (36,4%) pessoas deixaram de escolher um dos candidatos disponíveis no cardápio do segundo turno. Forte alienação eleitoral. Significa que mais de 1/3 da população da capital paraibana rejeitou as opções. Isso é mostra de um cansaço profundo, consequência da crise de representatividade e da desconexão de partidos e políticos com as necessidades da população.
Com 53,16% dos votos válidos, Cícero Lucena (PP) venceu a disputa. O resultado divulgado aqui foi o primeiro do país neste segundo turno. O prefeito eleito teve uma performance melhor que o adversário Nilvan Ferreira (MDB) em quatro das cinco zonas eleitorais (76, 70, 001, 64). Conseguiu crescer em bairros centrais, periféricos e na região da praia. O emedebista só obteve mais votos na zona 77, composta pelos seguintes bairros: Alto do Mateus, Funcionários I e II, Jardim Planalto, Esplanada I, Costa e Silva, Industrias, Ernani Sátiro, João Paulo II, Jardim Veneza, Grotão, Conjunto Vieira Diniz, Gramame, Paratibe e Muçumago.
Apesar desse retrato, a disputa não foi fácil para o candidato do PP, muito embora ele tenha conseguido estabelecer uma rede de alianças substantiva, incluindo o apoio do governo do Estado. Apenas 22.025 votos o distanciaram de Nilvan Ferreira. Pouco. A disputa estava mesmo acirrada. Pelas pesquisas, qualquer um deles poderia levar o pleito. Cícero ganhou, mas o radialista Nilvan – praticamente candidato de si mesmo uma vez que senador José Maranhão ficou à margem do processo e quase não apareceu na campanha – mostrou que têm fôlego para um marinheiro de primeira viagem.
Cícero, pelos números postos, foi o menos rejeitado dos candidatos. É importante esse parêntese tendo em vista que ambos os candidatos representam partidos da direita conservadora. Politicamente, não há muita diferença entre os dois. Mas entre o experiente-moderado e o outsider que se colocou contra o sistema, o eleitor escolheu aquele que representa menos surpresas. Na dúvida, valeu a cautela.
A eleição de Cícero, no entanto, não o exime de governar para todos, inclusive, para os que o rejeitaram. A partir de agora, o prefeito eleito precisa mostrar a que veio e incluir na pauta aquilo que não se discutiu na campanha, a exemplo da transparência na gestão, algo fundamental no controle e no combate à corrupção, e na otimização da eficiência pública.