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Bolsonaro ironiza tortura de Dilma Rousseff e Maia rebate: “não tem dimensão humana”

Em conversa com apoiadores no Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro pôs em xeque a tortura a que Dilma Roussef (PT) foi submetida durante a ditadura militar (1964-1985).

Bolsonaro ironizou o martírio da ex-presinte que teve a mandíbula fraturada. Disse que esperava um raio-X da ex-presidente para provar a agressão:

“Dizem que a Dilma foi torturada e fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio-X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio-X”, afirmou.

Dilma Rousseff respondeu em nota e pelas redes sociais. No twitter, ela afirmou que Bolsonaro tem uma “índole de torturador” .

A ex-presidente também divulgou uma nota onde afirma que Bolsonao não tem respeito pela vida nem qualquer empatia por seres humanos. Veja:

“A cada manifestação pública como esta, Bolsonaro se revela exatamente como é: um indivíduo que não sente qualquer empatia por seres humanos, a não ser aqueles que utiliza para seus propósitos. Bolsonaro não respeita a vida, é defensor da tortura e dos torturadores, é insensível diante da morte e da doença, como tem demonstrado em face dos quase 200 mil mortos causados pela covid-19 que, aliás, se recusa a combater. A visão de mundo fascista está evidente na celebração da violência, na defesa da ditadura militar e da destruição dos que a ela se opuseram”.

A declaração de Jair Bolsonaro causou reação de outros ex-presidentes. Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que também teve os direitos políticos cassados na ditadura militar, prestou solidariedade à Dilma e escreveu:

“brincar com a tortura dela –ou de qualquer outra pessoa– é inaceitável”. “Passa dos limites”.

Lula (PT) também usou o twitter para se manifestar.

“O Brasil perde um pouco de sua humanidade a cada vez que Jair Bolsonaro abre a boca”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), também se pronunciou. Para Maia, “Bolsonaro não tem dimensão humana. Tortura é debochar da dor do outro”. Maia, completou: “Tenho diferenças com a ex-presidente, mas tenho a dimensão do respeito e da dignidade humana”, concluiu ele.

Baleia Rossi (MDB), candidato à presidência da Câmara Federal, também se pronunciou sobre a declaração de Jair Bolsonaro. Disse: “Não é sobre esquerda, centrou ou direita. É sobre dignidade humana. Nossa solidariedade à ex-presidente Dilma Rousseff”.

Não é a primeira vez que Jair Bolsonaro se refere à Dilma Rousseff e à tortura sofrida por ela nos porões da ditadura. Em 2016, quando deputado e votou pelo impeachment, ele fez chacota:

“Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim” .