Opinião

João Pessoa: uma cidade que nada em água de chuva porque nada mudou

Fatos se sobrepõem ao discurso. Não basta dizer que cuida, tem que cuidar. Na coisa pública isso tem nome: responsividade. Isso nada mais é que a capacidade de responder as demandas sociais, de tratar dos problemas de uma cidade e garantir que ela funcione. A chuva desta sexta-feira em joão pessoa mostrou que o mínimo deixou de ser feito: no planejamento, na infraestrutura, na capacidade de prever e de se antecipar aos desastres.

É verdade que essa chuva não estava prevista segundo meteorologistas, pelo menos não no volume. É verdade também que o temporal de hoje pode ter pego a todos de surpresa, mas os transtornos causados por ela, não. Temos uma cidade encharcada. Há carros engolidos pelos alagamentos, congestionamentos, gente ilhada. Não houve escoamento adequado da água da chuva, ou seja, a cidade não funcionou.

E não adianta culpar aqueles que jogam lixo nas ruas e entopem bueiros. Esse é um pedaço da história. Um outro, muito maior, repousa na incapacidade gerencial de solucionar problemas básicos e que se repetem com certa frequência. Onde estão as obras de infraestrutura anunciadas como solução para pontos nevrálgicos de João Pessoa? Na avenida Sérgio Guerra, na principal dos Bancários; nas avenidas Beira Rio, Pedro II … Velhos problemas nos assombram e paralisam.  Significa que o poder-dever do município de cuidar das pessoas não se cumpriu.

Esse desafio se impõe à nova gestão: cabe agora diagnosticar os problemas, definir prioridades e trabalhar para saná-las. Cidade boa e inteligente precisa ser responsiva, e ágil. Há dinheiro público e vidas envolvidas.