Opinião

Quem será o candidato da direita contra João em 2022? Pedro, Romero? Qual a aposta de Bruno?

A pauta eleições está em alta. Debate antecipado pelas circunstâncias. No Senado, por exemplo, apenas uma vaga estará disponível para a Paraíba em 2022, o que reduz bastante as possibilidades dos que sonham em representar o Estado na Casa. Há uma necessidade de ser visto (e lembrado), de se vender como candidato viável e competitivo. Pelo menos no campo governista já há assanho por parte do Democratas. Efraim Filho, líder do partido na Câmara Federal, tem demonstrado interesse e já procura arregimentar apoios. A pressa de se firmar  é estratégica para Efraim. Ele pressiona João Azevêdo sem entrar no embate. É recado dado de quem manteve a aliança, mas agora cobra uma mais espaço e reconhecimento.

Já na disputa para o Executivo estadual, no campo das oposições, nomes têm sido postos desde 2020 com a impossibilidade de reeleição de gestores em fim de mandato. Caso de Romero Rodrigues (PSD) que nunca escondeu, depois de governar Campina Grande por dois mandatos consecutivos e sair com mais de 85% de aprovação, o desejo de ser governador da Paraíba. Romero  vem se posicionando na ala da direita mais radical e conservadora. Foca em um público muito específico. Se fia no perfil do eleitorado campinense e cola no bolsonarismo. Furar a bolha geográfica e crescer para fora de Campina é o ‘x’ da questão e o grande desafio.

Romero e a oposição representada por ele têm pressa, mas o motivo é bem diferente do de Efraim. Basta olhar para as eleições estaduais passadas. João Azevêdo venceu o pleito em primeiro turno como um rolo compressor. Antes dele, a esquerda representada pelo PSB e pelo ex-governador Ricardo Coutinho,  com apoio de partidos do campo progressista e até partidos de direita (caso do DEM), ficou 8 anos no poder. Uma década separa os dois projetos políticos. Como vencer isso?

O sucesso dessa oposição vai depender somente dela. Espírito de corpo é um dos caminhos. Pra isso será preciso se despir do autointeresse e apostar no consenso mesmo que isso custe a candidatura de Romero ou que ela se imponha em relação a outros futuros candidatos. Esse desprendimento é essencial para não incorrer no erro de 2018 quando a divisão do grupo levou a um fraco desempenho nas urnas. Esse é o entendimento de Bruno Cunha Lima (PSD), prefeito de Campina Grande. Bruno ocupa hoje posição de relevo na formação de uma composição que parta da Rainha da Borborema. Ele diz que é preciso maturidade e diálogo capazes de gerar unidade e de reconhecer quem terá capital político e eleitoral suficiente para bancar uma disputa forte e capilarizada.

Antes da filtragem, porém, Bruno defende que todos os interessados se coloquem. “A hora é essa”. A preço de hoje, além de Romero, o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB) já se apresentou como pré-candidato. Questionado sobre qual seria a melhor opção, Bruno foi diplomático:

“Em 2021, Romero e Pedro. Em 2022, os partidos aliados vão decidir. Mas em 2021 é saudável que tenha Romero, que tenha Pedro, que tenha Cássio. Acho que feliz é o time que tem mais de um jogador para escalar. Pedro tem um perfil excepcional, Romero tem outro grande perfil. São perfis, inclusive, complementares. Acho que está no momento de cada um se viabilizar. Nós do PSD temos a candidatura de Romero. O PSDB tem a candidatura de Pedro. Tem outros partidos aliados e não tem só governo, tem senado também, tem outras posições. Eu acho que cada um tem que procurar construir em 2021 apesar da pandemia. Não acho que seja um tema prioritário, não é o interesse primordial das pessoas discutir eleição, mas acho que faz parte democrático, é saudável que se tenha esse debate acontecendo e a partir desse  debate se vai ter a mesa de construção no ano que vem. Todo mundo vai ter que sentar à mesa para debater. E quem tiver adquirido a maior estatura, a maior representatividade, quem tiver um perfil mais parecido qualitativamente com a expectativa das pessoas e que por essa estatura tenha conseguido a maior quantidade de representação, vai terminar sendo o candidato natural”, pontuou.

Bruno adiantou a fórmula. Aplicar a teoria na prática, equalizar as diferenças é que são elas. Para  fazer frente a João, a oposição de direita vai ter de acertar o compasso. Em tempo: já há uma frente de esquerda anunciada em abril pelo PT, PSB, PSol, PV, PCdoB e UP, também em oposição ao atual governo. Ou seja, outras forças se movimentam e se realinham de olho no pleito do ano que vem. São partidos que perceberam que havia espaço para uma construção coletiva a partir da política. Não há nomes ainda, só ideias. Logo, não há pessoas em destaque, há projetos em discussão. É uma forma de tirar o debate do campo do eu para fortalecer a construção coletiva. O grupo de Bruno, Romero, Pedro e demais aliados tem que se preparar para isso também sem perder de vista o cenário nacional que vai pesar nas articulações locais e nas costuras de João Azevêdo. É aquele história, um olho no peixe, outro no gato.