Opinião

Queiroga e Bolsonaro: tem algo em descompasso aí

Em conversa recente com o prefeito de João Pessoa, Cicero Lucena, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga arriscou uma previsão: vacinar toda a população brasileira até o fim do ano.  Em outro momento, durante encontro promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Queiroga tocou no assunto e reforçou a ideia:

“Estamos muito entusiasmados com a perspectiva de vacinar toda a nossa população até o final do ano. Isso é plausível”.

Falta combinar com Bolsonaro. Enquanto um alinhava soluções, o outro puxa o ponto e acaba com a costura. Há um claro descompasso aí, mas pode ser estratégia. Com Queiroga na Saúde e seu discurso na contramão da negação da Ciência é como se o governo fosse a favor da Ciência também. O problema é a boca de Bolsonaro. Instável pela própria natureza, Jair não consegue segurar a língua que está sempre pronta para alimentar tensão.

Basta ver que no último dia 5, o presidente criou novo embaraço com a China quando sugeriu que o maior parceiro comercial do Brasil e fornecedor de matéria-prima para fabricação de vacinas contra a covid-19, se beneficiava do coronavírus. Pós declaração, o envio de Insumo Farmacêutico Ativo para Brasil foi suspenso. Novo lote de IFA só  foi liberado ontem (20) pelo embaixador chinês Yang Wanming depois de reunião com governadores do Brasil. Com o material a ser liberado vai ser possível fabricar, disse o embaixador, 16,6 milhões de doses dos imunizantes CoronaVac e Oxford/AstraZeneca.

É um alívio que vem pelas vias da diplomacia até que Bolsonaro volte a atacar.