Opinião

RC isolado?

Por Lúcio Flávio Vasconcelos

Ricardo Coutinho cresceu politicamente dentro do Partido dos Trabalhadores. Ele foi eleito vereador e deputado estadual duas vezes pela legenda. Mas nunca contou com o total apoio da sigla. Em 2000, quando se preparava para disputar a prefeitura da capital, enfrentou forte resistência interna. Seu modus operandi nunca foi aceito integralmente pela cúpula partidária. Para eleger-se prefeito em 2004, teve que abandonar o partido e ingressar no PSB.

Atualmente sem força dentro do PSB, RC tenta retornar ao PT. No último sábado, ele sofreu um duro golpe. O Diretório Estadual do PT tomou uma decisão radical. Capitaneados pelos deputados Frei Anastácio e Anísio Maia, a maioria dos diretorianos rejeitou o ingresso de RC na legenda. Eles sabem que seu retorno ao partido significa abrir espaço de uma vaga para disputa eleitoral no próximo ano.

Ricardo Coutinho é vocacionado para a política. Respira e transpira disputas eleitorais. Deseja voltar a ocupar o proscênio da vida pública. Sem um mandato eletivo, no executivo ou legislativo, se sente como peixe fora d’água. Sem um cargo em que possa influenciar as decisões do estado, percebe que não terá força para se defender das acusações que pairam sobre ele.

Sua derrota para prefeito em 2020, quando amargou o 6º lugar, não o demoveu de retornar ao centro das decisões. Político experiente, RC sabe que um fracasso eleitoral não significa uma derrocada definitiva. Tenta seguir o exemplo de José Maranhão, que perdeu o pleito para prefeito em 2012 e foi eleito senador dois anos depois. Ele sabe que um político que não disputa, mesmo sem chance de vitória, está fadado a ser esquecido.

O principal problema de Ricardo Coutinho não está no PSB nem no PT. Seu empecilho maior consiste no rompimento com o governador João Azevedo e as críticas contundentes que tem formulado ao atual mandatário do estado. Caso houvesse uma reaproximação entre os dois, as portas partidárias se abririam. Seu cálculo político não permite uma reaproximação num curto prazo de tempo. Tampouco interessa, no momento, a João Azevedo. A queda de braço entre os dois ainda vai perdurar um pouco mais.

Ricardo Coutinho é pragmático como poucos. Para quem já se aliou com José Maranhão (MDB), Aguinaldo Ribeiro (PP), Efraim Morais (DEM), Cassio Cunha Lima (PSDB) e Luciano Cartaxo (Verde), reaproximar-se de João não é impossível. Por enquanto, Ricardo Coutinho encontra-se isolado, sem um partido em que possa se abrigar e disputar um mandato no próximo ano. Por enquanto…