Opinião

João Azevêdo de volta ao PSB? Tem cheirinho de fumaça no ar


“Na volta ninguém se perde”, disse o presidente do PSB paraibano, Gervásio Maia, sobre possível retorno de João Azevêdo à legenda em entrevista à rádio local nesta sexta-feira (17).

Sim, há conversas nesse sentido. Até o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, já falou sobre isso e declarou portas abertas ao governador da Paraíba. O mesmo Siqueira que determinou a dissolução do Diretório Estadual do Partido em agosto de 2019, o estopim para a saída de João quatro meses depois. Disse ele à época: “Saio do PSB em busca da democracia perdida”. 

O que mudou de lá pra cá? Certamente a notícia recente de que Ricardo Coutinho está de saída do PSB. Esse será um componente importante na decisão do governador que vem reforçando sua posição ideológica no campo da esquerda. Se questões gerenciais e administrativas a embaçavam a ponto de levantar uma série de críticas quanto ao lado de João, a competição política agora exige que assuma postura mais firme no campo progressista. É o preço do acirramento da polarização.

Estaria João Azevêdo disposto a fazer vista grossa às decisões passadas do PSB que o preteriu e a pegar o caminho de volta? A fumaça no ar diz que há grande probalidade. E há um cálculo eleitoral nisso. João mira em votos e no apoio de Lula para seu projeto de reeleição. Tendo em vista que o Cidadania, seu atual partido, lançou a pré-candidatura à presidência do deputado Alessandro Vieira, a migração seria saída oportuna.

Lembra da fumaça? Dois fatos quentinhos: os vereadores Sandra Marrocos e Humberto Pontes acabam de trocar o PT e o PV pelo PSB. Não há acaso aí. É construção. O PSB, pós escândalos da Operação Calvário e desidratação nas eleições municipais de 2020, se prepara para 2022 procurando resgatar e  melhorar seus quadros. A ideia é preparar terreno para uma boa semeadura que, no caso concreto, significa bom desempenho nas urnas, eleição de federais e garantia de cotas maiores do fundo partidário. A presença de João Azevêdo seria o fertilizante. Um candidato forte ao governo é meio caminho andado.

Não há nada concreto ainda, mas com esse movimento todos os envolvidos, ao que parece, ganhariam. João sairia de uma sinuca de bico com o Cidadania e conquistaria a liberdade de fazer palanque pra Lula logrando algum êxito desse apoio, e o PSB, além de um governador pra chamar de seu, entraria competitivo em 22. Aguardemos.