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Fiocruz defende adoção do ‘passaporte da vacina’ em todo o Brasil

Em um cenário onde os números apontam para um quadro de estabilidade nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e Covid-19 no país, com indícios de arrefecimento da pandemia, o Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgado na sexta-feira (1º/10), aponta o passaporte de vacinas como uma importante estratégia para estimular e ampliar a vacinação no Brasil. Ao defender a adoção dessa iniciativa em todo o território nacional, o documento destaca o princípio do ponto de vista da saúde pública de que “a proteção de uns depende da proteção de outros e de que não haverá saúde para alguns se não houver saúde para todos”.

Na visão dos pesquisadores do Observatório, responsáveis pelo Boletim, é importante que sejam elaboradas diretrizes em nível nacional sobre o passaporte de vacinas, de modo a evitar a judicialização do tema, criando um cenário de instabilidade e comprometendo os ganhos que vêm sendo  adquiridos com a ampliação da vacinação. “Reforçamos, portanto, que esta estratégia é central na tentativa de controle de circulação de pessoas não vacinadas em espaços fechados e com maior concentração de pessoas, para reduzir a transmissão da Covid-19, principalmente entre indivíduos que não possuem sintomas”, afirmam.

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Os cientistas destacam ainda que a equidade, assim como a universalidade e a integralidade, são os princípios basilares do Sistema Único de Saúde (SUS) no seu papel de garantir a saúde como um direito fundamental, cabendo ao Estado o dever de garantir a saúde através de políticas sociais e econômicas, como, por exemplo, o passaporte de vacinas. “A redução do impacto da pandemia de modo mais duradouro somente será alcançada com a intensificação da campanha de vacinação, a adequação das práticas de vigilância em saúde, reforço da atenção primária à saúde, além do amplo emprego de medidas de proteção individual, como o uso de máscaras e o distanciamento social”.

Incidência

Referente às Semanas Epidemiológicas (SE) 37 e 38, o Boletim reforça que os avanços na vacinação vêm contribuindo para um cenário positivo. De acordo com a análise, há redução nos números absolutos de internações (-27,7%) e óbitos (-42,6%). Contudo, o quadro atual mostra que, uma vez que a população vem sendo beneficiada de forma mais homogênea com a vacinação, o grupo de idosos se consolida como mais representativo entre os casos graves e fatais, com 57% das internações e 79% dos óbitos: “Novamente, pela primeira vez desde o início da vacinação entre adultos, todos os indicadores (internações, internações em UTI e óbitos) passam a ter a média e a mediana acima de 60 anos”.

O fato é que apesar da queda dos indicadores, o momento ainda exige cuidado. A análise da SRAG, que também integra o Boletim, observa que mesmo com a redução de incidência nas semanas anteriores, a grande maioria dos estados encontra-se ainda em níveis altos ou muito altos, acima de um caso por 100 mil habitantes. Isso, segundo os cientistas, evidencia a necessidade de atenção, com ações de vigilância em saúde para evitar estes casos graves, com sintomas que levam a hospitalização ou a óbito.

Taxa de ocupação de leitos

Outro indicador estratégico, a taxa de ocupação de leitos Covid-19 adulto mostra que 25 Unidades da Federação estão fora da zona de alerta (taxas inferiores a 60%). Ao mesmo tempo, permanecem na zona de alerta intermediário o estado do Espírito Santo (elevação das taxas de ocupação apesar de manter o mesmo número de leitos) e o Distrito Federal (elevação das taxas de ocupação como resultado da redução do número de leitos). Oito estados também reduziram o número de leitos de UTI Covid-19 para adultos, mantendo-se fora da zona de alerta.

Análise Demográfica

A análise demográfica do Boletim desta quinzena – que traz comparações para o período entre a SE 1 (3 a 9 de janeiro) e a SE 37 (12 a 18 de setembro) de 2021 – sinaliza que, uma vez beneficiada de forma mais homogênea com a vacinação, a população tende a ter relativamente mais casos graves e fatais entre idosos, concentrando-os novamente nas idades mais avançadas. A comparação com a quinzena anterior evidencia o declínio no número de internações (-27,7%) e óbitos (-42,6%), e ele ocorre em todas as faixas etárias.

No entanto, o grupo com idosos de 90 anos e mais mostrou menor redução (-17,3% para casos e -28,6% para óbito). A mediana de internações, ou seja, a idade que delimita a concentração de 50% dos casos que levaram a internação, chegou ao menor patamar de 51 anos entre a SE 23 (06 a 12/06) e 27 (04 a 10/07). Na SE 37 a mediana foi de 65 anos. Para os óbitos, a menor mediana, que foi de 58 anos, foi observada entre a SE 21 (23 a 29/05) e SE 24 (13 a 19/06), e na SE 37 foi de 74 anos. Para as internações em UTI, o período de menor mediana foi o mesmo que o dos óbitos (53 anos), e na SE 37 o patamar foi de 67 anos. A média de idade das internações, internações em UTI e óbitos na SE 37 foi, respectivamente, 60,9; 63,1 e 71,4 anos.