Opinião

Romero, Pedro e o deserto na oposição

Romero Rodrigues (PSD) tem deixado a oposição em polvorosa. As especulações em torno de uma suposta aliança entre o ex-prefeito de Campina Grande e o governador João Azevêdo ficam cada vez mais barulhentas na medida em que ele silencia sobre seus próximos passos.

O silêncio, acompanhado da ausência em evento que contou com Jair Bolsonaro, semana passada, na Paraíba, dá aos rumores certo tom de inevitabilidade. Tucanos querem uma posição e marcaram para esta terça-feira próxima (26) um encontro com Romero.

A cobrança tem motivo. Mesmo antes de terminar o mandato,  Romero já se colocava como pré-candidato ao governo da Paraíba fiando-se na aproximação com Bolsonaro. Tornou-se, aqui, um de seus principais sectários e conseguiu ser unanimidade dentro da oposição de direita.

Ocorre que o PSD anunciou que teria seu próprio candidato à presidência e que fará aliança com o Cidadania, o que coloca Romero em uma dupla sinuca de bico. Enquanto ele avalia o cenário e procura ganhar tempo, aliados se assanham e pensam num plano B.

A alternativa a Romero seria Pedro Cunha Lima (PSDB). Essa é a tese do deputado federal Ruy Carneiro, por exemplo. E aí há dois problemas, um é da oposição; o outro, é de Pedro. O primeiro entrega o deserto de nomes que consigam unificar esse grupo político. O segundo é que, topando o desafio e sendo vencido nas urnas, Pedro acabará sem mandato. Para os Cunha Lima, um péssimo negócio.

E aí cabe um adendo. O PSDB é um dos partidos tradicionais que mais vêm perdendo competitividade e isso tem a ver, também, com o bolsonarismo – que o próprio PSDB adotou – e com a fragmentação partidária. Querendo ou não, isso respinga localmente.

Mais prudente seria que Pedro investisse e lutasse para manter seu mandato de deputado. Vai arriscar? Os custos de uma candidatura ao Executivo terão de ser pesados. Não sendo ele, nem Romero, a oposição terá de se reorganizar para construir uma nova imagem e um novo discurso a tempo de decolar com a força necessária para fazer pressão sobre João. Quem, quem? A preço de hoje, ninguém, e o tempo urge.