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Militares torraram mais de meio milhão em filé mignon e picanha. Verba deveria ter sido usada no combate à covid-19

Recursos que deveriam ter sido gastos em prevenção contra a covid-19 foram usados para a compra de carnes nobres de acordo com auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).  A denúncia foi feita pela  jornalista Constança Rezende, da Folha de São Paulo, e publicada nesta segunda-feira (27).
De acordo com a reportagem, “O Ministério da Defesa gastou recursos destinados ao enfrentamento da Covid-19 para a compra de filé mignon e picanha. A constatação é de uma auditoria do TCU (Tribunal de Contas da União). Segundo informações do levantamento sigiloso feito pela Selog (Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas) obtido pela Folha, foram usados R$ 535 mil em itens considerados de luxo”.
A farra da carne veio à tona depois de uma investigação aberta para apurar “supostas irregularidades na aquisição de gêneros alimentícios desde 2017. Chamaram a atenção dos técnicos os gastos das Forças Armadas durante a pandemia em 2020. A análise foi autorizada pelo ministro Walton Alencar Rodrigues, relator do caso na corte. Os auditores esperavam que, como consequência do regime telepresencial de trabalho, houvesse redução de gastos com alimentação. Não foi o que ocorreu com o Ministério da Defesa, que, ao contrário dos Ministérios da Educação e da Saúde, aumentou essas despesas”, esclareceu a reportagem.

O escândalo vem em um dos momentos mais críticos do Brasil, quando o consumo de carne despencou aos níveis de 2005 por causa do aumento da inflação e à queda significativa da renda dos brasileiros, que acentuaram a miséria. Em 2021, fome e insegurança alimentar atingem 84,9 milhões de pessoas segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Programa Mundial de Alimento, divulgada pelo IBGE, o que representa cerca de 41% da população local.