Brasil, Política

Leonardo Péricles, único homem negro a presidir um partido, vem à Paraíba como pré- candidato à Presidência da República

Único homem negro a presidir um partido no Brasil, Leonardo Péricles (UP), vem a João Pessoa esta quinta-feira (20), para lançar a pré-candidatura à presidência da República. A agenda inclui uma entrevista coletiva á imprensa, visita a comunidades e uma plenária.  Péricles afirma que o nascimento da UP é uma espécie de crítica à forma como estão organizados os partidos no país, com pouco espaço para pessoas negras e mulheres e com debates distantes das pessoas de periferia.

Com cerca de 3.000 filiados e ainda sem diretórios em todos os estados, a UP (Unidade Popular pelo Socialismo) vai encarar a sua primeira eleição nacional  neste ano. A UP conseguiu o seu registro junto ao TSE em 2019 e é a legenda mais nova do país, que já conta com 33 partidos homologados.

Para conseguir a criação de um partido político, a legislação brasileira exige, atualmente, a coleta de 491.967 assinaturas de apoiadores distribuídos em pelo menos nove unidades da Federação. A UP já conseguiu o seu registro e disputou as eleições municipais em 2020, com o lançamento de 99 candidatos a vereador e 15 a prefeito, sem nenhum eleito ainda.

Para este ano, o partido ainda articula apoios e possíveis candidaturas aos governos estaduais e ao Congresso Nacional, mas já lançou sua pré-candidatura à Presidência da República. O presidente do partido, Leonardo Péricles, 40, pretende concorrer ao maior cargo político do país. De Belo Horizonte e morador da Ocupação Urbana, ele enfrentará sua terceira eleição. Em 2020 foi candidato a vice-prefeito da capital mineira na chapa liderada por Áurea Carolina (PSOL). Anos antes, tentou se eleger como vereador da cidade, na época pelo PDT, mas também não foi bem-sucedido.

A UP, que possui diretórios em 21 estados atualmente, segundo a própria legenda, surgiu a partir da articulação de movimentos sociais como o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas; o Movimento de Mulheres Olga Benário; o Movimento Luta de Classes e a União da Juventude Rebelião.

“Construímos a UP com pessoas que não se sentiam representadas nos partidos”, diz.  É uma questão de coerência. Eu falo que quero combater o racismo e me alio à base que garante a manutenção do racismo.” Apesar da importância de pautas ligadas as desigualdades raciais e sociais, o partido afirma que este não é o único viés de atuação e que pretende representar a classe trabalhadora como um todo.

Contra reformas

Entre as plataformas da Unidade Popular estão a defesa da revogação da reforma trabalhista realizada durante o governo Temer. O partido também critica a forma como foi feita a reforma da previdência.

Segundo Péricles, ao contrário do que argumentavam os defensores das mudanças, elas não geraram novos empregos e tiraram direitos dos trabalhadores.

A UP também se posiciona contra o teto de gastos e tem propostas de dar atenção aos debates sobre reforma agrária e taxação de grandes fortunas.

O surgimento da UP ocorre ainda no momento em que boa parte das legendas tenta se unir, por causa das mudanças que afetam os cálculos dos fundos partidário e eleitoral, principais fontes de renda das agremiações.

De acordo com Péricles, a UP financia suas atividades, até o momento, essencialmente com a contribuição de seus filiados.

“A Unidade Popular não é apenas uma saída eleitoral, é uma saída política. O mais importante para a gente é que consigamos manter os princípios políticos, a unidade com o povo só virá com coerência política e a articulação com outros partidos precisa estar ligada com essa questão.”

Agenda em João Pessoa

Segundo a assessoria da UP, a agenda de Leonardo aqui na paraíba faz parte de uma caravana realizada pelo Nordeste.

10h: Coletiva de imprensa

15h: visita às comunidades São Rafael e Tito Silva

18h: visita aos trabalhadores da limpeza urbana

19h: plenária aberta no Sindicato dos Correios
(Rua Duque de Caxias, 105, Centro)