Opinião

Favoritismo de João Azevêdo em pesquisa não é jogo ganho, mas revela situação confortável

Pesquisa reflete o momento e os ventos andam favoráveis para João Azevêdo. Segundo o Datavox, o atual governador e candidato à reeleição lidera a corrida pelo Palácio da Redenção com 40,7% das intenções de voto do eleitor e um sutil crescimento de novembro pra cá. Sozinho, ele tem 10 pontos percentuais a mais que todos os adversários juntos. O poder da caneta é fator que o coloca em certa vantagem mas não necessariamente decide a eleição. Basta lembrar da campanha de 2010, quando José Maranhão, no então PMDB,  acabou derrotado por Ricardo Coutinho, do PSB. Maranhão era o favorito nas pesquisas e tinha o apoio de Lula (PT).

O governo Maranhão não gozava da melhor aprovação e isso foi determinante à época. Diferente dele, a gestão Azevêdo, conforme pesquisa do Sistema Arapuan de agosto de 2021, tem 58,8% de aprovação. Há questões, contudo, que não podem ser desprezadas. João Azevêdo foi eleito no primeiro turno de 2018 com apoio de Ricardo Coutinho e de Lula. Com o primeiro ele já não conta mais. Terá o apoio de segundo?

Diferente de eleições passadas, muito embora a Paraíba tenha uma natureza conservadora em razão dos grupos políticos que a dominaram ao longo da história, a pauta progressista volta a ganhar fôlego pós vitória do bolsonarismo nas urnas e desmonte de políticas públicas nas áreas da saúde, educação, ciência e tecnologia e meio ambiente, além da precarização do trabalho, do aumento do desemprego, da fome e da miséria no país. Nesse sentido, o apoio de Lula a qualquer candidato fará toda diferença. Não à toa, os nomes de esquerda e de centro brigam para tê-lo em seus palanques. Caso do senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), com 6,6% na pesquisa Datavox, e de Lígia Feliciano (PDT), citada apenas por 1% dos entrevistados. Pode haver um recuo de ambos. Os dias e os acordos, se vingarem, dirão.

Chama atenção o percentual de Pedro Cunha Lima (PSDB) na pesquisa. De deputado mais bem votado em 2014, ele foi reeleito em 2018 com 103 mil votos a menos. O mais sensato seria trabalhar por nova reeleição para garantir um mandato, mas a situação do PSDB paraibano, a desistência do primo Romero Rodrigues (PSD) da disputa pelo governo do estado, o colocaram na briga. Até aqui, ele aparece em segundo, citado por 14,22% dos entrevistados (em novembro de 2021 tinha 11,5%), e disputará o lugar com outros da direita, a exemplo de Nilvan Ferreira (PTB). Pedro, provavelmente, não chegou no teto e pode ampliar esse placar. Se será o suficiente para virar o jogo, impossível dizer agora. Pelos sinais que vem dando, o tucano deve apostar na polarização petismo-bolsonarismo para se vender como o representante do equilíbrio. Terá dificuldades para manter o discurso porque tem na sua base de apoio os bolsonaristas Romero e Bruno Cunha lima, ex e atual prefeitos de Campina Grande respectivamente. Uma federação com o MDB, acordo que os caciques dos partido vêm tentando emplacar, poderia ajudá-lo, mas a probabilidade de dar certo é remota. Falta tempo e sobram diferenças regionais entre as siglas.

Mais competitivos que Pedro e demais nomes da oposição, pelo menos até agora, são os indecisos. Eles somam 20,3%. Com brancos e nulos, o percentual chega a 28,4%. Há uma explicação: a campanha não começou formalmente, o eleitor ainda não conheceu de fato os candidatos, nem suas propostas. Mudanças nesse cenário são questão de tempo. Podem ser significativas ou não. Por enquanto, João segue em situação confortável e a fragmentação da oposição só facilita as coisas pra ele.