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Reitor da UFPB, Valdiney Veloso está na mira do MPF-PB por aprovação em curso da UFPB por meio do SISU

Posse de Valdiney Veloso está prevista para esta semana

O Ministério Público Federal na Paraíba (MPF-PB), por meio da procuradora Janaina Andrade de Sousa, instaurou uma notícia de fato para “averiguar a legalidade da aprovação em curso de graduação, no SISU, do atual reitor da UFPB”, Valdiney Gouveia.

Aprovado para o curso de Engenharia de Produção, Valdiney Veloso foi classificado por meio do Sistema de Seleção Unificada-SISU 2022, como ingressante de escola pública, com 638,9 pontos. Em seu perfil em uma rede social, ele compartilhou uma cópia de seu certificado de conclusão do ensino médio em um colégio estadual do município de Itabaiana, que fica entre as regiões do agreste e brejo paraibano, e escreveu: “Revendo documentação para me inscrever na chamada regular UFPB/SISU, a nostalgia foi evidente. Aqui cópias de minha ficha de identificação e meu certificado de conclusão do científico (isso me dá direito a ser cientista?), equivalente ao ensino médio”.

O MPF quer saber se houve  favorecimento e/ou violação de regras para o ingresso na UFPB pelo sistema de cotas, do qual se insere o SISU”. A Pró-reitoria de Graduação da UFPB tem 10 dias para se manifestar de forma “fundamentada”. A depender da justificativa, o caso segue para a Secretaria de Educação do Ministério da Educação (MEC) ou será remetido para a comissão de ética da UFPB.

Qual a suposta irregularidade?

O Sistema de cotas é destinado apenas para o primeiro acesso à universidade. Esse foi o entendimento da Advocacia-Geral da União (AGU) em um caso que foi parar na Justiça. Trata-se de uma estudante que tentou cursar Medicina na Universidade do Piauí (UPI) por meio do SISU, mesmo sendo formada em Química na mesma Instituição. Segundo a AGU,  “a reserva de vagas para cotistas implica em observação à política de inclusão social pretendida pela universidade.

ADUF-PB se pronunciou

A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (ADUF-PB) tomou conhecimento do caso pela imprensa e é favorável à investigação uma vez que a denúncia é sobre alguém que ocupa o cargo de maior representação da UFPB. Para o presidente Fernando Cunha, “0 problema não é ele entrar em um novo curso de graduação, o problema é ele utilizar-se de um sistema que é exclusivo para quem tem necessidades e participa do processo seletivo de forma desigual. As cotas fazem parte de uma política nacional de ações afirmativas para o estado brasileiro reparar desigualdades. O professor Valdiney pode ter estudado a vida toda em uma escola pública, mas ele já concluiu um curso superior, depois fez outro curso superior numa instituição privada, o que já demonstrava que ele não tinha as mesmas condições socioeconômicas que tinha quando cursou a primeira graduação, e agora ele quer fazer a terceira graduação e está em uma condição socioeconômica completamente diferente de quando ele fez a primeira. Nesse sentido, há um desvio de finalidade da política de ação afirmativa e quando há um desvio de finalidade para o qual a política é envolvida, merece investigação para ver se de fato há uma irregularidade”, afirmou.

Fernando cunha também lembrou que Valdiney Veloso recebe uma gratificação pelo cargo que ocupa como reitor da UFPB, “o que dá a ele determinadas condições socioeconômicas que não o qualifica para estar disputando uma vaga social com aqueles que vieram concorrer o SISU para aquele curso de Engenharia”, concluiu.