Política, Transparência

Prefeituras gastarão R$ 13,6 milhões com festas juninas na Paraíba; confira valores por cidade

Após dois anos de pandemia, prefeitos de alguns municípios paraibanos resolveram investir pesado para a realização de festas de rua, nestes festejos juninos. Possíveis excessos, inclusive, já foram alvo de recomendação conjunta dos Ministérios Públicos Federal (MPF), Estadual (MPPB), do Trabalho (MPT) e de Contas (MPC) e de alerta do TCE.

Levantamento realizado pelo Blog Conversa Política no Mural de Licitações do TCE-PB revela que a previsão de gastos dos municípios paraibanos com festas juninas, até o momento, chega a R$ 13,6 milhões.

O valor inclui os cerca de R$ 4 milhões com cachês de shows em pequenas cidades para o São João, levantados pelo blog essa quarta-feira (01 de junho), mas também licitações homologadas para contratação terceirizada de festas de São João, como as que ocorrerão nos municípios de Campina Grande, Bananeiras e Patos, e outras festas como as de comemoração de emancipação política ou dentro do tema junino, ao longo deste mês.

Os dados foram atualizados até às 9h dessa quinta-feira (2), portanto, poderá sofrer alteração até o fim do mês, uma vez que algumas prefeituras ainda estão em processo de finalização do casting para as festas e de montagem da estrutura. Todos os contratos são com inelegibilidade de licitação, o que acelera o processo, por sinal.

Festas público-privadas

As cidades maiores optaram por firmar parcerias público-privadas para a realização dos festejos juninos. Bananeiras, no Brejo paraibano, abandonou o modelo tradicional e pretende inovar com o ‘Melhor São João do Mundo’. Para isso, pela primeira vez contratou empresa para realizar a festa.

O contrato com a Meadow é de R$ 4,6 milhões, sendo R$ 540 mil pagos diretamente pela gestão do município e as demais receitas devem entrar com a venda de camarotes, captação de recursos de patrocínio, venda de pavilhões, quiosques, bares e bebidas, explicou o prefeito Matheus Bezerra. “Algo muito vantajoso para o município”, destacou.

Além dessas despesas, há outras que estão sendo realizadas, com recursos próprios, para melhorar a infraestrutura e a mobilidade na cidade para receber o volume de turistas que devem disputar espaço para prestigiar shows como os de Alok, Gustavo Lima e Elba Ramalho. Por lá, a festa será realizada dentro de um estádio, com venda ingressos para camarotes.

Já em Campina Grande, a prefeitura irá desembolsar R$ 2,7 milhões para que a Meadow realize o Maior São João do Mundo. Conforme apurou o Conversa Política, a gestão do prefeito Bruno Cunha Lima tentou mudar a empresa, mas como a licitação foi “fracassada”, acabou sendo mantido o contrato com a empresa e o pagamento será feito através de um aditivo ao contrato de 2019.

Além da contratação da Meadow, Campina Grande também realizou licitações no total de R$ 473 mil para contratar alguns serviços como decoração da pirâmide, fardamento e alimentação dos servidores que atuarão no apoio à festa e para aluguel de roupas dos casais que vão participar do casamento coletivo, para citar alguns.

Em Patos, o prefeito Nabor Wanderley também resolveu entregar a estrutura para a iniciativa privada. Por lá, o contrato assinado com a Coollabcreative é de R$ 1,9 milhão.

Nestas festas entregues à iniciativa privada, ainda não foram divulgados os valores dos cachês pagos pelas empresas aos artistas locais e nacionais.

Festas em pequenas cidades

Em relação às festas juninas, contratadas diretamente pelas prefeituras, alguns casos chamaram a atenção do TCE-PB, que deve atuar para fiscalizar eventuais excessos.

Um dos que já possui processo de inspeção especial aberto no órgão é Ouro Velho, que homologou contratos no montante R$ 547.5 mil. A cidade tem um pouco mais de 3 mil habitantes. Num cálculo simples, um custo médio de R$ 182 por habitante.

Safadão em Santa Luzia: R$ 650 mil

Apesar dos holofotes sobre o município, outras prefeituras, também de pequeno porte, ousaram do mesmo modo na escolha dos artistas para a realização dos festejos, como é o caso das prefeituras de Santa Luzia, que vai contratar o cantor Wesley Safadão por R$ 650 mil; e São Mamede, que já tem licitações homologadas da ordem de R$ 575 mil.

Em Santa Rita, na Região Metropolitana, a prefeitura vai ter que encarar a contradição de gastar quase meio milhão de reais com a festa junina, com parte da população reclamando de água em vários bairros, acentuada após a privatização dos serviços na cidade.

Mais 400 mil em dois dias

Da lista, também destoa o município de Malta, cidade com 5.752 habitantes, que vai realizar nos dias 10 e 11 de junho, uma grande festa em praça pública. Se apresentarão: Walas Arrais, Felipe Amorim, Walkyria Santos, Brasas do Forró, Matheus Leite, Rafael Dono, Samyra Show e Sanara Show. O valor total com os cachês chega a R$ R$ 411 mil.

MUNICÍPIO GASTOS COM SÃO JOÃO 2022
Campina Grande 3.173.004,75
Patos 1.977.000,00
Santa Luzia 650.000,00
São Mamede 575.000,00
Ouro Velho 547.500,00
Bananeiras 514.000,00
Pombal 480.000,00
Santa Rita 480.000,00
Araruna 448.000,00
João Pessoa 431.350,00
Malta 411.000,00
Taperoá 340.000,00
Desterro 332.736,92
Itapororoca 300.000,00
Boa Ventura 280.000,00
Conceição 280.000,00
São Bento 235.500,00
Tavares 235.000,00
Araruna 225.000,00
Solânea 195.000,00
Belém 160.000,00
São José de Princesa 160.000,00
São Francisco 140.000,00
Sumé 140.000,00
Manaíra 105.000,00
Cajazeirinhas 100.000,00
Itabaiana 100.000,00
Curral Velho 80.000,00
Montadas 75.000,00
Serra Redonda 75.000,00
São José de Espinharas 60.000,00
Alhandra 55.000,00
Riachão 48.500,00
Cruz do Espírito Santo 45.000,00
Brejo dos Santos 35.000,00
Diamante 30.000,00
Dona Inês 30.000,00
Algodão de Jandaíra 25.000,00
Bonito de Santa Fé 20.000,00
Gurjão 9.000,00
TOTAL 13.602.591,67

Atualização: “O contrato com a Meadow é de R$ 4,6 milhões, sendo R$ 540 mil pagos diretamente pela gestão do município e as demais receitas devem entrar com a venda de camarotes, captação de recursos de patrocínio, venda de pavilhões, quiosques, bares e bebidas”. Só foi contabilizado para resultado final, por sua vez, o valor que a prefeitura repassou para a empresa e não o valor total do contrato, como constava no TCE.

Com informações do Jornal da Paraíba