Opinião

Ao menos uma novidade: o PT rendido ao familismo

Se na chapa de Pedro Cunha Lima (PSDB) está tudo como d’antes no quartel d’Abrantes, temos um novidade na política da Paraíba: o PT rendido ao familismo.

O Partido dos Trabalhadores almeja apoiar o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), herdeiro político de avô, pai e irmão. E nem queremos comentar a contradição deste movimento. Até bem recentemente o senador Veneziano era chamado de golpista por lideranças petistas, como o presidente da legenda Jackson Macêdo.

Como Veneziano nunca fez autocrítica do apoio que deu ao impeachment da presidenta Dilma, quem mudou não foi ele. Foi o PT, que teve que engolir tudo o que disse e age agora como se o passado não existisse.

Mas chama mesmo atenção a escolha do nome da vice na chapa de Veneziano: a ex-primeira dama de João Pessoa Maisa Cartaxo. E aqui sim, temos uma novidade. O PT, que sempre se orgulhou de ser um partido de fato, com militantes e instâncias funcionando, aprovando medidas após amplo e intenso debate interno, agora se coloca como herdeiro político.

É Veneziano que escolhe um nome entre os petistas na tentativa de consumar um casamento político entre MDB e PT. O senador diz que é apenas uma sugestão, mas ao que tudo indica não é um decisão que passará por Jackson e os militantes do partido.

Maísa Cartaxo nunca foi uma militante partidária. Seguiu o marido Luciano quando o mesmo saiu do PT em 2015, acusando o partido de corrupto. “Com todos os escândalos envolvendo o Partido dos Trabalhadores, temos a clareza que João Pessoa não deve ser prejudicada, temos decisão muito clara, tomada, porque nós entendemos que não podemos ser penalizados pelos erros do PT em âmbito nacional”, disse à época o então prefeito da capital.

Anos depois, Luciano não conseguiu nem levar ao segundo turno a professora Edilma Freire, candidata à sua sucessão. Uma escolha de dentro de seu núcleo familiar.  Olha o familismo de novo!

Agora a família Cartaxo voltou ao PT, como se nada tivesse sido feito ou dito. Assim como Veneziano, nunca fizeram a tão falada autocrítica. E o PT, que antes chamava Cartaxo de traidor, novamente engole tudo o que disse.

O PT já não é mais o mesmo.