Opinião

Retomada de obras paralisadas e a política desenvolvimentista do governo Lula

Lula está viajando pelo Nordeste e a escolha da região pra início de uma série de viagens é carregada de simbolismo. O Nordeste elegeu o petista com mais de 50% dos votos válidos e foi responsável pela recondução dele à presidência da República. E o Nordeste carece de reparações porque ao longo do tempo foi preterido na divisão de recursos federais que são essenciais ao desenvolvimento. Afinal, só com dinheiro se investe em saúde, educação, estradas….

Em uma declaração transmitida pela internet durante evento de entrega de 160 unidades habitacionais no conjunto Vista Alegre em João Pessoa nesta terça-feira (14), com a presença da ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, Lula falou em retomada de obras. Disse: ” nós vamos visitar cidades, estados, e vamos fazer com que todas as obras que estão paralisadas voltem a ser construídas”.

Lula sabe que a construção civil é um segmento que gera emprego formal. Sabe também que o investimento público é responsável, em grande medida, pelo financiamento do crescimento do país. Aliás, esse pensamento que coloca o gasto público como principal motor de crescimento da economia brasielira é introduzido na administração federal em 2004, com o PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento.  Não à toa, na corrida eleitoral, Lula defendia medidas de caráter econômico que passavam pela retomada do PAC para ampliar a capacidade produtiva do país e alavancar áreas como infraestrutura, educação e saúde.

Essa é uma pauta desenvolvimentista que levanta algumas críticas. Há quem alegue que foi essa lógica de financiamento público que levou a uma crise fiscal e a uma aceleração da inflação no Brasil. Outro ponto que levanta debate gira em torno da eficiência na aplicação dos recursos e do controle, precário em alguns casos, na gestão e entrega das obras. Fato é que a retomada do PAC e toda essa discussão aparecem em um cenário de regressão econômica, de queda do consumo e alta do desemprego. É preciso fazer a roda da economia voltar a girar, gerar e atrair novos investimentos, fomentar emprego e renda, estimular o consumo. O governo federal tem um papel fundamental nisso. Em um país desigual, em situação de crise, com imensa maioria de sua população pobre, sem acesso ao básico, o Estado deve ser alavanca do progresso, não freio de mão.