Opinião

João Azevêdo faz “minirreforma” administrativa ; veja mundanças e outros assuntos

A mudança que marcou os 100 dias do governo João atingiu a pasta de Esporte. Uma minirreforma, se que é que podemos chamar assim, para acomodar aliados. O suplente de deputado estadual Lindolfo Pires (PP) agora é o novo secretário da pasta. Com isso, João atende ao PP, partido de Aguinaldo Ribeiro, e contempla o sertão, região importante na recondução dele ao governo. Foi o interior, não a capital, que renovou o mandato de João.

Pires é primeiro suplente de deputado. Recebeu 29 mil votos em 2022. Com essa movimentação, o vereador Zezinho do Botafogo (PSB),  titular da Secretaria de Esporte há um ano, volta para Câmara de João Pessoa que passa a ter, novamente, apenas uma mulher como representante eleita com a saída da suplente Fabíola Rezende (PSB).

Sutileza…

A mudança na gestão é sutil. Não houve ruptura de qualquer proporção na transição de um mandato para o outro, o que denota que João, em função das alianças firmadas na campanha, procura manter uma gestão de continuidade. Naturalmente partidos do centrão alinhados ao projeto ocupam posições de primeira grandeza no governo em detrimento dos aliados de esquerda. João olha, primeiro, para as forças políticas decisivas à reeleição. Ele venceu em 189  dos 223 municipios paraibanos.

Outras mudanças

A edição desta terça-feira (11) do Diário Oficial do Estado (DOE) trouxe as nomeações  de Anísio Maia (PSB), Jonildo Cavalcanti (PC do B) e Ruth Avelino (ex-PBtur) para os quadros da gestão João II.  Anísio e Jonildo no Gabinete do governador e Ruth na Secretaria de Comunicação, como assistente administrativa. São cargos menores, menos disputados, o que reforça a ideia de que eles ficaram com as “sobras”. Isso porque o fatiamento dos espaços na gestão foi feito segundo uma ordem pragmática, para quitar, primeiro, a dívida do apoio na campanha, mas pra manter, também, esses apoios pós-eleição. Os cargos são a moeda dessa relação de troca.

Questão de gênero

A recomposição dos quadros do Executivo estadual interfere diretamente no desenho do parlamento municipal na capital e escancara um problema: a baixa participação e representação feminina. Há uma única vereadora eleita pelo PP, com alinhamento ideológico à extrema-direita. Logo, nem quantidade, nem pluralidade nos mandatos. Não é uma questão isolada. Levantamento da União Interparlamentar (UIP) mostra que 75% dos assentos em Parlamentos no mundo estão sob o poder dos homens. O Brasil ocupa o 142º lugar no ranking de paridade de gênero.

Fraude eleitoral

Não bastasse toda uma tradição de usurpação de direitos das mulheres, partidos comandados em sua maioria por homens brancos reproduzem e alimentam um ecossistema machista, sexista e misógino. Não é raro encontrar quem burle a lei de cotas para se apropriar de recursos que deveriam ser destinados a candidaturas femininas. Exemplo quentinho: o Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba (TRE-PB) acaba de cassar o mandato dos vereadores eleitos e suplentes do PL de Santa Rita, na grande João Pessoa, por fraude eleitoral. O PL lançou candidaturas fictícias, comprometendo, no entendimento dos julgadores, a disputa democrática.