Influenciador é preso durante operação da Polícia Federal na Paraíba
Um mandado de prisão e outros dois de busca e apreensão foram cumpridos pela Polícia Federal na Paraíba, durante uma nova fase da Operação Lesa Pátria ontem (17). Aqui na Paraíba, o influenciador digital Rodrigo Lima de Araújo e Silva, de 41 anos, foi o alvo do mandado de prisão. Nas redes sociais, o investigado se apresenta como gestor público, cientista político, profissional de marketing político, professor, palestrante e escritor. Ele já atuou nas equipes de comunicação institucional da Prefeitura de Bayeux, na Grande João Pessoa, e no Botafogo-PB. O influenciador digital também foi candidato a vereador de João Pessoa em 2016. Segundo as investigações, ele teria relação com os ataques golpistas de 8 de janeiro, no Distrito Federal, quando deu suporte na organização dos crimes.
O influenciador é suspeito de incitar os atos terroristas na capital federal. Ele teria sido uma das primeiras pessoas a postar nas redes sociais o termo ‘Festa da Selma’, codinome que se refere aos ataques às instituições e à democracia brasileira. Um vídeo publicado por Rodrigo Lima está entre os documentos do relatório Democracia Digital, elaborado em parceria entre a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com apoio do InternetLab e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Para elaboração do documento, foram mapeados cerca de 1.500 grupos e canais abertos do Telegram. Rodrigo seria gerenciador de um grupo e de listas de transmissão de mensagens no aplicativo.
Os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido e crimes da lei de terrorismo. Os alvos desta fase são suspeitos de terem alimentado o movimento violento chamado de “Festa da Selma”, que era, em verdade, codinome previamente utilizado para se referir às invasões. O termo Festa da Selma foi utilizado para convidar e organizar transporte para as invasões, além de compartilhar coordenadas e instruções detalhadas para a invasão aos prédios públicos. Recomendavam ainda não levar idosos e crianças, se preparar para enfrentar a polícia e defendiam, ainda, termos como guerra, ocupar o Congresso e derrubar o governo constituído.
Operação Lesa Pátria denominado “Festa da Selma” criou um mapa para as pessoas saberem em quais pontos do Brasil conseguiriam pegar ônibus para irem a Brasília para as invasões do 8 de janeiro. O mapa tinha cidades específicas e contatos de pessoas responsáveis pelos ônibus. As caravanas foram à capital do Brasil dois dias antes dos ataques às sedes dos Três Poderes. De acordo com a Agência Nacional de Transporte Terrestres (ANTT), 253 ônibus fretados chegaram ao Distrito Federal entre 5 e 8 de janeiro deste ano. A 14ª fase da operação Lesa Pátria que conteceu ontem, teve também alvo nos estados do Distrito Federal, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Bahia e foram autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Morais.
“Selma” é em alusão à Selva — expressão usada por militares brasileiros — e foi um dos códigos usados por bolsonaristas para combinar as últimas etapas de invasão da Praça dos Três Poderes.
A partir de 5 de janeiro, uma quinta-feira, o termo passou a ser mais utilizado no Twitter e Telegram, junto a vídeos que tinham uma série de códigos para combinar os ataques – todos interceptados pela PF e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A expressão foi lançada por Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump, logo após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022, para levantar dúvidas falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro
As investigações continuam em curso e a Operação Lesa Pátria se torna permanente, com atualizações periódicas sobre o número de mandados judiciais expedidos, pessoas capturadas e foragidas.