Duelo de Estratégias e Ressentimentos
Um final de semana marcado por debates acalorados nos círculos políticos da Paraíba. Nilvan Ferreira (PL) compartilhou um vídeo em que Pedro Cunha Lima, ex-candidato a governador pelo PSDB, admitiu não ter votado em Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais passadas embora tenha sinalizado para bolsonaristas durante sua campanha como um equilibrista político.
O radialista escreveu:
“Viram? Eu estava certo! Lula obteve os votos dos dois candidatos ao governo da Paraíba no segundo turno!”
Começava ali o embate. A postagem gerou uma resposta afiada de tio de Pedro, Ronaldo Cunha Lima Filho. Ele atacou Nilvan por sua retórica repetitiva, comparando-a ao “samba de uma nota só” de um adolescente:
“Esse teu discurso é infantil , Nilvan. Eu fico incrédulo. Tanta coisa importante pra falar e vc fica nesse teu samba de uma nota só. É realmente inacreditável! Parece um adolescente! Em que Pedro votou ou deixou de votar é irrelevante. O que interessa às pessoas são as propostas, a prática, a postura, o comportamento e nisso vcs são completamente diferentes um do outro e o o eleitor percebeu, não é mesmo? Pedro não precisa de muleta, como vc que não tem nada de relevante pra propor e fica se escorando em Bolsonaro. Muda o disco! Já passou da hora! Joga essa muleta fora!”
O contra-ataque de Nilvan não tardou. Ele não poupou críticas, acusando a família de Pedro de oportunismo. Referindo-se à nomeação do cunhado de Pedro para a SUDENE no governo Bolsonaro, Nilvan alegou que eles cuspiram no prato em que comeram, e acusando-os da prática de “velha política”. Ele ainda enfatizou seu apoio inabalável a Bolsonaro, justificando que suas ideias ressoavam com seus sentimentos em diversas questões.
“Vocês são muito cara de pau. São oportunistas. Lave a boca pra falar de mim. Vocês indicaram o superintendente da SUDENE (o cunhado de Pedro) no governo Bolsonaro e depois cuspiram no prato que comeram. Isso é oportunismo e o retrato da velha política. Aí agora vem com discurso de que Bolsonaro não representa vcs. Defendo Bolsonaro sim e nunca indiquei um cargo no governo dele. Porque meu apoio era porque suas ideias representam os meu sentimento em diversas bandeiras. Por isso vcs foram varridos da política do nosso estado. Os tempos de hoje não tem mais espaço pra práticas desse tipo. Passe bem.”
A troca de farpas não passou despercebida. A postagem de Nilvan gerou um grande número de curtidas e comentários, a maioria apoiando do radialista que investe no discurso de ódio para inflamar seguidores e evitar sua dispersão.
As táticas retóricas, de um e de outro, apesar de inflamatórias, ressoam com públicos distintos. Nas eleições, Pedro, ao manter sua “neutralidade e equilíbrio”, buscou capturar tanto os eleitores antipetistas quanto os moderados, ao passo que Nilvan optou por mobilizar a base mais radical e antissistema. E permanece o fazendo. Eis uma representação microcósmica das forças políticas em ação no estado.
A controvérsia entre Nilvan e Pedro expõe o cenário multifacetado da política paraibana, na qual a busca pelo apoio é uma dança delicada entre ressentimento e oportunismo.