2021: Ano Terrível

Finalmente 2021 chegou ao fim. Um dos piores anos para o Brasil. Deixou um rastro de cadáveres que enlutou o país. Hoje, último dia do ano, alcançamos a triste marca de 619,024 mil mortos pela pandemia de Covid-19. Somos o segundo em número de vítimas fatais no planeta. Só ficamos atrás dos Estados Unidos, com mais de 823 mil mortos, o recordista mundial.

Milhões de brasileiros estão profundamente tristes por seus parentes, amigos e amores que se foram prematuramente. Hoje à noite, eles passarão a virada do ano mergulhados nas lembranças dos momentos felizes que não voltarão. Nós sobrevivemos. Por isso temos o compromisso social com aqueles que se foram.

A maioria dessas mortes poderia ter sido evitada se o governo Bolsonaro tivesse agido de acordo com a ciência, a racionalidade e o bom senso. O negacionismo, a luta contra a máscara, a ausência de vacinas em tempo hábil e as aglomerações promovidas por Bolsonaro aceleraram as contaminações e precipitaram a morte de milhares de pessoas.

Senti perdas irreparáveis de entes queridos na família, no trabalho e na vida. Perdi mais de 10 colegas da UFPB para a pandemia de Covid-19, entre eles Luiz de Sousa Júnior, Mauro Koury, Fernando Monte e Simão Almeida. Partiram precocemente, vitimados pelo descaso governamental. Sem eles, jamais seremos os mesmos.

Além do trágico descaso com a saúde, o governo Bolsonaro contribuiu enormemente para a destruição do meio ambiente. Desaparelhou órgãos federais que combatiam o desmatamento e puniu funcionários que agiam em defesa da floresta amazônica com perdas de cargos e transferências. Em todos os aspectos, em consequência do desastroso governo Bolsonaro, o Brasil ficou mais pobre.

Com a economia patinando, o desemprego crescendo e a inflação ascendente, o país alcançou a estagflação, uma mistura cruel de estagnação econômica com inflação em alta. Um triste cenário de fome, doença e desalento para milhões de brasileiros. Esse é o saldo de 2021. O terrível ano que tardou a acabar.

Que 2022 passe rápido. Pleno de esperança que o desgoverno Bolsonaro, considerado o pior presidente de todos os tempos por 48% dos brasileiros, de acordo com pesquisa do instituto Datafolha, acabe por força do voto daqueles que amam a democracia, acreditam na ciência e lutam por um mundo mais justo e igualitário.

Para enfrentar com coragem e determinação os desafios que virão, não podemos esquecer-nos daqueles que se foram. Em memória deles devemos continuar vivendo e acreditando na nossa força. Também é por eles que devemos perseverar por mudanças qualitativas nos âmbitos político, social e econômico, sem desânimo.

Nesse sentido, cabe recordar o texto do inglês John Donne, escrito em 1624, mas sempre atual. “Nenhum homem é uma ilha, todo em si; todo homem é uma parte do continente, uma parte da terra (…) a morte de todo homem me diminui, porque sou parte na humanidade; e então nunca pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.”