A força e a fraqueza de João Azevedo

O sociólogo alemão Max Weber definiu que existem três tipos de dominação política legítima: a carismática, a tradicional e a legal-racional. É baseado nesta última, que se fundamenta na racionalidade burocrática, que João Azevedo (PSB) vem consolidando sua liderança política.

Engenheiro de formação e professor de profissão, João Azevedo, antes de 2018, nunca havia disputado um cargo eletivo. Sua experiência administrativa e aprendizado político consolidou-se mediante o longo período em que foi secretário de Ricardo Coutinho (PT). Primeiro na prefeitura de João Pessoa, depois no governo da Paraíba.

Lançado por Ricardo Coutinho ao cargo de governador em 2018, João Azevedo demonstrou desenvoltura política em angariar votos. Com perfil moderado e aglutinador, ele tratava seus adversários como estudantes rebeldes que mereciam atenção especial. Naquela eleição, ganhou no primeiro turno, alicerçado na força propulsora da máquina pública e enfrentando uma oposição frágil e desarticulada.

Durante sua gestão, aprendeu rápido como obter a maioria na Assembleia Legislativa. Compartilhou cargos e poder com os deputados, como todos os governadores anteriores. Sem arroubos autoritários, com um discurso burocrático e dentro da legalidade, João Azevedo lidou com a pandemia defendendo a ciência e enfrentando o presidente Bolsonaro (PL) e seu negacionismo catastrófico.

Em 2022, João Azevedo chegou ao segundo turno liderando o processo eleitoral. João obteve 39,51% e Pedro Cunha Lima (PSDB) 23,92%. Mas com uma dificuldade desafiadora: além da derrota da sua candidata ao Senado, João perdeu nos maiores colégios eleitorais (João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita) para dois adversários de peso: Pedro Cunha Lima e Nilvan Ferreira (PL). Caso eles se unam, a reeleição de João Azevedo ficará mais difícil.

A campanha para o segundo turno já começou. Os eleitores paraibanos demonstraram, no primeiro turno, que não acatam a sugestão do candidato Lula. Enquanto o presidenciável petista venceu na Paraíba, Veneziano (MDB), seu indicado, amargou o quarto lugar.

O candidato João Azevedo sabe que eleição se ganha com votos, não com ódios. Olhando para o futuro e não para o passado. Com o cérebro e não com o fígado. Pragmático como poucos, João já conta com o apoio explícito de Lula (PT) e respaldo unânime do PT local, além da sigla do PSOL. Se esses apoios irão lhe render votos só as urnas dirão.