Bolsonaro: o preferido dos ricos

Na última pesquisa realizada pelo instituto Datafolha, o governo Bolsonaro (PL) é desaprovado por 53% dos brasileiros. É o segundo maior índice de rejeição da história recente do país, só superado por Collor de Mello, que amargou 68% de desaprovação em 1992, as vésperas do impeachment.

Na mesma pesquisa, o candidato Jair Bolsonaro (PL) é rejeitado por 60% do eleitorado. Lula tem 34% de rejeição, João Doria 34%, Sérgio Moro 30% e Ciro Gomes 26%. Faltando menos de um ano para a eleição, os índices de rejeição são os mais reveladores. Reverter a posição política do eleitor é o maior desafio para qualquer candidato. Mas em política tudo é possível. Nos próximos 10 meses, o atual grupo palaciano fará tudo para continuar no poder.

A profunda desaprovação do governo Bolsonaro é consequência do seu desastroso governo. Nos três anos de gestão, Bolsonaro acumulou uma série de erros intencionais, pois quis governar como se estivesse em campanha permanente, falando para seus apoiadores, constituídos principalmente pela milícia digital e aqueles que o aplaudem no cercadinho.

A grande rejeição eleitoral é reflexo do seu comportamento irresponsável. Bolsonaro debochou dos mortos por Covid-19, agrediu jornalistas, se posicionou contra a vacinação, não usou máscara, conspirou por um golpe, atacou os ministros do STF, desqualificou o sistema eleitoral brasileiro, incentivou o desmatamento da Amazônia e, por fim, caiu nos braços do Centrão.

Mesmo com tudo isso, Bolsonaro continua com forte apoio entre os mais ricos. De acordo com o Datafolha, para aqueles eleitores que ganham até dois salários mínimos, sua aprovação (ótimo/bom) é de apenas 17%. Para os que ganham 2 a 5 salários mínimos, Bolsonaro tem 28% de aprovação. Para os que recebem de 5 a 10 salários mínimos, ele tem 31% de aprovação. Entre os que ganham mais de 10 salários mínimos, Bolsonaro tem 28% de aceitação. Já para os empresários, que representam 3% do eleitorado, ele tem a aprovação de 50% de ótimo e bom.

A aceitação de Bolsonaro pelos endinheirados tem raízes históricas profundas e questões sociais e culturais mais recentes. O racismo estrutural e o machismo cultural explicitado por Jair Bolsonaro reflete o comportamento da elite brasileira. No país com uma das maiores concentrações de renda do mundo, a população negra e as mulheres ocupam posições inferiores na máquina pública, constituem uma minoria nos altos cargos empresariais e postos de direção.

Os mais ricos temem a ascensão dos mais pobres nos níveis de renda e status social. Durante os governos de Lula e Dilma (2003-2016), as mulheres, os negros, os homossexuais, os índios e os mais pobres tiveram o reconhecimento político e aumento do poder aquisitivo. O preconceito estrutural da elite econômica não suportou ver a empregada doméstica viajando de avião, o jovem negro ingressando numa universidade e o gay ganhar uma eleição.

Essa minoria com maior poder aquisitivo permanecerá fiel a Jair Bolsonaro enquanto ele representar o preconceito contra os pobres. Para recuperar popularidade entre as camadas sociais menos favorecidas, Bolsonaro aposta no programa Auxílio Brasil. Só o tempo dirá se os 400 reais conseguirão alavancar a combalida candidatura de Bolsonaro recusada pela maioria da população.