Collor, o retorno

Poucos lembram dele, o autodenominado Caçador de Marajás. Fernando Collor de Mello foi presidente do Brasil por um curto período, entre 1990 e 1992, quando sofreu o impeachment, acusado de corrupção.

Aos 40 anos de idade, Collor era uma mistura de Jânio Quadros com Jair Bolsonaro. Populista de direita, pregava, em seus discursos de campanha, o fim da corrupção, a valorização da família e o combate ao comunismo. Ganhou a eleição presidencial no segundo turno em 1989 contra Lula (PT), então um neófito no jogo pesado da política.

Durante seu governo, Collor agiu como se estivesse em estado permanente de campanha. A cada final de semana, surgia numa nova aventura: pilotando um carro em alta velocidade, pegando uma carona num caça da aeronáutica ou correndo atleticamente pelas ruas de Brasília.

Sua administração foi um desastre. Para combater uma inflação galopante, herdada do governo Sarney, confiscou a poupança de milhões de brasileiros, promoveu uma onda de privatizações e escancarou as portas da economia para o mercado internacional. Suas medidas aguçaram a recessão econômica, o desemprego e a inflação.

Acossado pelos oposicionistas, Collor deu um tiro no pé. Convocou a população para ir às ruas de verde e amarelo para defendê-lo. Seu discurso foi o estopim do movimento dos Cara-Pintadas. Milhares de jovens ocuparam as ruas no país exigindo a sua saída da presidência. No dia 2 de outubro de 1992 Collor caiu.

Nessa semana, o STF formou maioria para colocar Fernando Collor (PTB) na cadeia No parecer do ministro Edson Faquin, o ex-presidente foi condenado a uma pena de 33 anos, 10 meses e dez dias pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção e organização criminosa. Como diria o próprio Collor nos tempos de glória: “O tempo é o senhor da razão.”