Contagem regressiva

A partir do dia 24 de junho, restam apenas 100 dias para o primeiro turno da eleição presidencial. Uma eternidade em termos políticos.

Parafraseando o brilhante compositor Flávio José nesse período junino, daqui até a realização do pleito tudo pode acontecer, inclusive nada.

Na mais recente pesquisa eleitoral realizada pelo Instituto Datafolha, Lula (PT) continua na dianteira, com 47%. Jair Bolsonaro (PL), seu principal oponente, tem 28%. O teimoso Ciro Gomes (PDT) permanece com 8%.

Computados apenas os votos válidos, Lula pontua 53%. Para ganhar no primeiro turno, é necessário que o candidato some 50% dos votos válidos mais um. Isso significa que, se a eleição fosse hoje, Lula subiria a rampa do Palácio do Planalto no dia 1 de janeiro. Mas não é.

Inegavelmente, Bolsonaro é o presidente pior avaliado desde a redemocratização. 55% dos eleitores afirmaram que não votariam nele em nenhuma hipótese. Seu governo é considerado, pela maioria da população, como o pior da história do Brasil.

Bolsonaro perde feio entre as mulheres, os jovens, os nordestinos, os desempregados e os mais pobres. Ele só ganha de Lula no segmento eleitoral branco, masculino e que recebe mais de 10 salários mínimos por mês. Bolsonaro é o preferido da ínfima minoria abastada.

Uma reviravolta pode acontecer. Um atentado, um acidente aéreo, o imponderável. Mas, de acordo com as pesquisas, fica cada vez mais difícil para Bolsonaro, mesmo com a capilaridade e o poderio da máquina pública, ultrapassar Lula, que se consolida na dianteira.

Bolsonaro tentará de tudo para manter-se no poder. Vociferar contra a Petrobras, achincalhar a justiça eleitoral, ameaçar com o espectro do comunismo e adotar políticas populistas como aumentar o Auxílio Brasil e subsidiar o diesel dos caminhoneiros.

Caso nada disso funcione para lhe garantir a vitória eleitoral, o golpe de Estado contra a democracia, tantas vezes anunciado, será a única forma de Bolsonaro e seus filhos se manterem isentos dos graves crimes que cometeram nos quatro anos de desgoverno.