Dubai é logo ali?

Em recente viagem à Guarabira, pequena cidade do interior Paraíba, o governador de São Paulo João Doria (PSDB) revelou seu lado mais arrogante e descolado da realidade. Com tom professoral, perguntou à seleta plateia quem deles havia visitado Dubai, a principal cidade dos Emirados Árabes.

Apenas um dos presentes levantou a mão, o deputado federal Ruy Carneiro (PSDB). Não foi surpresa. Uma passagem de ida e volta para Dubai, saindo de João Pessoa, custa em média a “bagatela” de R$ 16.000,00.

João Dória é o típico representante da elite econômica brasileira, formada por apenas 1% da população. Branco, rico, malhado em academia, dentes branqueados, Doria só usa roupa de grife, anda de carro blindado e tem uma carreira empresarial e política de sucesso. Fluente em inglês, também sabe pedir vinho caro em francês. Mas desconhece o preço do quilo de feijão.

Por seu comportamento, João Dória se considera cosmopolita, um cidadão do mundo, pois passa as férias em Miami e faz compras em New York. O que sobra em dólares – que não são poucos –, ele investe na bolsa de valores. Por esses atributos, ele se considera plenamente habilitado para governar o país.

Apesar da aparente sofisticação, João Doria é, na verdade, totalmente alienado do que acontece no Brasil profundo. Aquele país pobre, habitado pelos outros 99%, formado por milhões de brasileiros carentes das condições mínimas para viver com decência.

O Brasil real, tem 14 milhões de desempregados, 41% da população vivendo na informalidade e 30 milhões ganhando até 1 salário mínimo. Sem falar nos 20 milhões que passam fome diariamente.

Na sua peregrinação em busca de votos, João Doria esqueceu de fazer uma rápida pesquisa que evitaria o vexame. De acordo com o IBGE, a Paraíba é o estado com menor salário médio mensal do Brasil. A média brasileira é de R$ 2.975,74. Já a média nordestina é de 2.399,64. Enquanto isso, a média paraibana é de 2.185,88. Os índices foram publicados pelo Portal G1 em 24 de junho de 2021.

João Doria é um político oportunista, como boa parte da elite brasileira. Em 2018, quando foi candidato a governador, abandonou Geraldo Alckmin (PSDB), candidato a presidente por seu partido, e aliou-se com Jair Bolsonaro, formando a dupla Bolsodoria. Esse é seu histórico! Para disputar a eleição no próximo ano, rompeu com o presidente genocida e tornou-se o paladino da civilidade.

João Doria não tem chance de se eleger presidente do Brasil. A tese de terceira via é tão viável quanto a cloroquina no tratamento da Covid-19. Sua peregrinação pelo país serve apenas para viabilizar, quando muito, sua candidatura à reeleição para governador de São Paulo. Enquanto isso, resta ouvir suas lorotas sobre como transformar o sertão nordestino no deserto fértil dos Emirados Árabes.