Eles estão entre nós

No dia 14 de novembro, oito homens foram presos num sítio próximo a Florianópolis, capital de Santa Catarina. Eles participavam de um encontro de neonazistas. Durante a batida policial foram apreendidos panfletos, revistas e objetos com símbolos de grupos supremacistas brancos, além de uma estátua de Adolf Hitler.

O neonazismo tem fortes raízes no Brasil, principalmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Racistas e antidemocráticos assumidos, os neonazistas brasileiros têm intenso vínculo internacional e defendem a violência contra negros, indígenas, gays, nordestinos e judeus.
O nazismo tem presença de longa data no país. Nas décadas de 1920 e 1930, a Alemanha estava mergulhada numa profunda crise econômica.

Assolados pelo desemprego e pela fome, milhares de germânicos migraram para o Brasil. Quando Adolf Hitler assumiu o poder em 1933, o partido Nazista passou a organizar células em muitos países e o Brasil tornou-se o principal foco dos partidários do nazismo na América Latina.

A partir de 1945, o nazismo foi proscrito do cenário político mundial. Defender o ideário nazista passou a ser crime em todas as nações democráticas. Mas o nazismo não morreu. Atualmente, centenas de grupos neonazistas estão organizados em muitos países europeus. Em pleno século XXI, os adeptos de Hitler destilam seu ódio contra os imigrantes asiáticos, africanos e latino-americanos.

No Brasil, os neonazistas organizam-se em células políticas clandestinas e promovem atentados contra gays, integrantes do movimento negro e militantes dos direitos humanos. Eles têm crescido perigosamente nos últimos anos e, de acordo com a antropóloga Adriana Dias, os núcleos físicos e midiáticos neonazistas no Brasil atingiram o número assustador de 530 em 2021, com cerca de 300 mil seguidores.

Os neonazistas sonham com uma distopia autoritária e sangrenta. Caso os crimes praticados pelos neonazistas não sejam punidos rigorosamente, podem servir de inspiração para muitos jovens que não toleram a diversidade sexual, as diferenças culturais e a alternância de poder, as bases da democracia.