Gelo ao sol

Pesquisa de opinião é o quadro do momento. Reflete o clima social que se apresenta naquele instante. Traduz sentimentos, revela paixões, demonstra ódios, expõe amores e frustações dos entrevistados. E, pelo visto, o brasileiro não anda muito simpático ao atual presidente.

Vitorioso nas urnas, o governo Bolsonaro aparentava ter a solidez de um bloco de gelo. Passava a imagem de coesão, limpidez e transparência. Tudo ilusão. Ao longo dos meses, à medida que Jair Bolsonaro foi se revelando, começaram as rachaduras.

Primeiro foram as denúncias das “rachadinhas” praticadas por um dos filhos. Começaram as agressões a jornalistas, as queimadas da Amazônia, os crimes ambientais do ministro Ricardo Salles, os ataques ao STF, o Gabinete do Ódio, o achincalhamento das instituições democráticas e o acasalamento com o bloco do Centrão no Congresso Nacional. Começou o derretimento.

Depois, a pandemia. Com ela, o negacionismo. O desprezo pelos mortos. A troca de ministros da saúde. A defesa do um inócuo tratamento precoce. A ausência de compra de vacinas. O descaso com os 510 mil brasileiros que morreram. Inegavelmente, a maioria das vítimas por irresponsabilidade do governo federal.

Por último, uma bomba que promete aquecer ainda mais o ambiente. A denúncia de corrupção na compra de vacinas da Índia no valor de 1 bilhão e 600 milhões de reais.

Na pesquisa realizada pelo Ipec (antigo Ibope), o instituto mediu a avaliação do presidente Jair Bolsonaro. Segundo os dados apresentados, a reprovação avançou dez pontos percentuais de fevereiro para junho, passando de 39% para 49%. Por sua vez, a aprovação de Bolsonaro recuou de 28% para 24%.

Para os entrevistados, 24% consideram ótimo o governo liderado por Jair Bolsonaro. Já 26% o consideram regular e 49% acham a administração do presidente ruim ou péssima. 1% não sabe ou não respondeu.

O governo Bolsonaro está atingido rapidamente o ponto de fusão. Se continuar nesse ritmo de liquefação, da pedra inicial, restará apenas uma poça de lama, corrupta, suja e infecta.