O desafio das esquerdas
Politicamente falando, o governo Lula só começará a partir de 1º de fevereiro, dia em que os senadores e os deputados federais elegerão, respectivamente, os presidentes do Senado e da Câmara Federal.
Mesmo que o governo Lula já tenha enfrentado um tsunami político, quando os terroristas bolsonaristas tentaram um golpe de Estado no dia 8 de janeiro, as verdadeiras batalhas contra Lula se darão no Congresso Nacional.
Os partidos de esquerda compõem aproximadamente um quarto Congresso nacional. O PT, principal agremiação da base governamental, elegeu 68 deputados federais. O Psol fez 12, o PV 6 e o PC do B também 6.
Contando com as demais siglas de centro-esquerda (PDT e PSB), o governo Lula, para desmontar a pauta conservadora de Bolsonaro e implementar políticas sociais, terá que contar com os partidos do eterno Centrão.
Escolado por dois mandatos bem-sucedidos e pragmático como poucos, Lula não irá peitar os integrantes do Centrão. Já determinou que sua tropa apoiasse Arthur Lira (PP) para um segundo mandado no comando da Câmara Federal. O vitaminado Lira disputará a presidência com o estoico Chico Alencar (Psol). A vitória do Centrão já está consolidada.
Ao mesmo tempo, o Partido Liberal (PL), principal partido de oposição que conta com 99 cadeiras na Câmara Federal, enfrenta uma guerra surda no seu interior. Os filhos de Bolsonaro querem tomar o poder de Valdemar Costa Neto e impor uma linha bolsonarista radical. Mas parte significativa do PL não sabe ser oposição.
O governo Lula precisa do Centrão para sobreviver. O Centrão precisa dos cargos do governo para continuar no poder. Quanto às esquerdas, precisam pressionar o governo Lula para a realização de uma profunda reforma econômica que diminua a pobreza de boa parte da população.