Morreu Lúcia Hippolito e o jornalismo político ficou mais pobre
Morreu Lúcia Hippolito. 72 anos. Cientista política, historiadora e jornalista, Lúcia foi uma das minhas grandes inspirações no início da carreira, início dos anos 2000, quando ainda com meus vinte e poucos anos passei a cobrir e comentar política na emissora onde trabalhava. A ouvia, assistia, me inspirava, buscava nela referências diárias.
Lúcia era completa: estava no jornal impresso, na tv, no rádio, na sala de aula. Gostava de ser leve – e era – em suas análises. Falava de assuntos pesados com naturalidade tamanha que suas participações em qualquer veículo soavam como convite para uma boa conversa.
Na época um velho e saudoso amigo tratava de me comparar a ela. Dizia que forma e conteúdo do me trabalho lembravam Lúcia. Muito gentil da parte dele, claro, e eu aceitava os elogios. Eram pílulas de estímulo, claro!
Diagnosticada com Guillain-Barré em 2012, se afastou para cuidar da saúde. Depois veio o câncer. Lúcia perdeu a longa batalha contra a doença depois de superar, em boa medida, as limitações da Síndrome que a afligiu por mais de uma década.
Vinte anos depois me vi seguindo os passos de Lúcia. Hoje, cientista política que sou, dedico este título a ela. Mais que isso: à Lúcia minha gratidão por mostrar que a missão que assumi exigia esforço, preparo e conhecimento. Ela me preparou para o que vinha e, sem saber, me lançou ao vento – os bons ventos que me trouxeram até aqui!
Nunca quis ser mais uma. Lúcia me mostrou que eu podia ser mais!
Suas cinzas serão espalhadas na Praça dos Vogos, um icônico ponto turístico de Paris que ela adorava. Deixa um legado de conhecimento, livros publicados, uma carreira premiada e a defesa inconteste pela Democracia.
Obrigada, querida Lúcia Hippolito, pelo bem que me fez. Sua argúcia e inteligência permanecem.
Descanse em paz.