Opinião

O país tem que ter como prioridade colocar alimentos mais acessíveis na mesa dos trabalhadores

 

Artigo por Gustavo Defendi

Após a declaração do ministro Rui Costa sobre possíveis “intervenções” para reduzir o custo dos alimentos, a Casa Civil esclareceu que o governo estuda medidas em parceria com os produtores. Esses números reforçam a necessidade de ações urgentes para amenizar os impactos sobre os consumidores.

Os dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 2024 evidenciam uma escalada dos preços dos alimentos, com aumento de 8,23% no acumulado do ano.

Entre os itens que mais subiram, destaque para o abacate, com alta de 174,7%, a laranja-lima, que teve aumento de 91%, e a tangerina, com 74,2%. As carnes bovinas também registraram aumentos significativos, como o acém (25,2%) e o patinho (24,1%), além de produtos básicos como café moído (39,6%) e leite longa vida (18,8%).

Esses números reforçam a necessidade de ações urgentes para amenizar os impactos sobre os consumidores.

No domingo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também se pronunciou em um vídeo gravado na horta da Granja do Torto, em Brasília, e divulgado pela primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, nas redes sociais; dizendo que vai fazer muitas reuniões para tomar decisões, porque a inflação no país cai no bolso do trabalhador que vai ao supermercado comprar comida.

Percebo que o governo tenta se mobilizar para tentar conter a alta nos preços ao longo do ano e busca melhorar o impacto da estratégia de inflação alimentar sobre os consumidores, especialmente os mais vulneráveis, porém é imperativa a necessidade de ações concretas e diálogo amplo para enfrentar a situação, além de promover ajustes na cadeia de produção e distribuição, envolvendo com urgência o barateamento dos alimentos.

Os preços continuam subindo, afetando diretamente o consumidor e direcionando a economia. A alta no preço dos alimentos é reflexo de uma combinação de fatores econômicos e climáticos, com eventos climáticos extremos, inflação, como a valorização do dólar, o impacto das exportações e as quebras de safra.

O dólar é a principal variável quando falamos de commodities. Além disso, os eventos climáticos e as movimentações do mercado interno e externo influenciam muito.

Houve quebra de safra no mercado externo, o que aumentou a demanda por produtos brasileiros. Para os produtores, é mais vantajoso exportar, e isso eleva os preços no mercado interno. O mesmo aspecto se repete em outros itens essenciais, ampliando a pressão sobre os orçamentos familiares.

Entre as possibilidades, o governo deve considerar novas diretrizes para exportação e maior regulação das quantidades enviadas ao mercado externo, firmando acordos com outros países e envolvendo órgãos como a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento) para equilibrar as exportações e proteger o mercado interno.

Subsidiar parte dos insumos agropecuários seria uma medida viável e eficiente para reduzir os custos de produção e pode ajudar no controle dos preços finais. O país tem que ter como prioridade colocar alimentos mais acessíveis na mesa dos trabalhadores, alinhando políticas econômicas e sociais para isso.

Gustavo Defendi é sócio-diretor da Real Cestas, empresa que atua há 25 anos no mercado de cestas de Alimentos, Higiene/Limpeza e de Natal