A inflação e a guerra dos juros (Selic)

Quando se trata de análise de conjuntura é inevitável ser repetitivo. Nunca sabemos se o leitor leu nossasanálises anteriores e corremos o risco de estar usando conceitos definidos anteriormente e que não foram apreendidos. Este é o caso presente e, por isso,começaremos com uma curta explicação sobre o significado da palavra Selic. O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) é a taxa básica de juros,definida pelo Banco Central (BC), e que servirá para remunerar os títulos de dívida emitidos pelo Estado. Quem estabelece o montante desta taxa é o Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do BC, constituído por 9diretores do banco, entre os quais o presidente. O Comitê reúnese a cada 45 dias. O aumento da taxa Selic, decidido na última reunião do Copom, continua a causar celeuma. Esta questão dos juros no país torna-se recorrente e a principal preocupação de todos: tanto os especuladores financeiros, apelidados de “mercado”, como o resto da nação. A decisão foi tomada, ao mesmo tempo em que o presidente do BC, Roberto Campos, continua a difamar o Brasil no exterior e a traçar maus prognósticos para o futuro da economia. Não satisfeito com a já conseguidaautonomia para o BC, Campos continua sua peregrinação para conseguir mais autonomia. Quer agora, com a PEC 65/2023, uma independência orçamentária e financeira, transformando o BC em uma empresa pública. Este foi o tom do discurso, feito por ele, em São Paulo, no evento da 20-20 Investment Association. Além disso, Campos solta a língua, para fazer críticas à política fiscal do governo, insinuando a possibilidade de um descontrole fiscal e dificuldades para manter as metas propostas no arcabouço fiscal. O resultado é a inquietação e o nervosismo do “mercado”, que começa a precificar os juros futuros, que subiram para 13%. O próprio Tesouro Nacional já começou a emitir papéis prefixados com taxas acima deste valor.

O nervosismo do tal “mercado mostra a intenção oculta de prejudicar a execução da política social do governo, pois todas as críticas se voltam para o corte das despesas. É claro que as despesas a serem cortadas são todas as que envolvem apoio social aos mais desfavorecidos. Ninguém aponta corte de despesas com juros da dívida, por exemplo, ou não pagamento das emendas dos parlamentares. Querem até investir contra as despesas obrigatórias que só podem ser alteradas com emendas constitucionais.

Embora as estatísticas nada mostrem, os especuladores da Faria Lima falam em pessimismo, em desconfiança fiscal, em um quadro inflacionário agravado pelos preços da energia, alimentos e serviços, em expectativas desancoradas, fatores que justificariam uma elevação da Selic para 13,5% ou mais. Com toda esta tensão, tudo leva a crer que será muito difícil a tarefa do novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, quando assumir a presidência, se pretender alterar esta lógica.

Neste clima, a Fundação Getúlio Vargas divulgou o Monitor do PIB, por ela calculado. Para agosto, em relação a julho, houve uma retração de 0,2% na economia. Os dados mostram uma estagnação da indústria e uma retração dos serviços. Só a agricultura apresentou crescimento. As exportações tiveram uma queda de 2,5%, o que contribuiu para a queda do PIB. Apesar deste quadro, não muito favorável, a taxa de investimentos foi de 18,1%.

Para surpresa geral, e na contramão dos prognósticos pessimistas, o FMI reviu para cima sua estimativa para o crescimento do PIB do Brasil. No relatório “Panorama Econômico Mundial” (WEO), a entidade estimou que a economia do país deverá crescer 3% este ano, e apontou como razões o “aumento do consumo privado e dos investimentos, o mercado de trabalho aquecido, os programas de transferência de renda do governo e o impacto das inundações, menor do que o esperado”.  Para a inflação, o FMI prevê uma taxa de 4,3%, dentro da meta, portanto. Para o mundo, o Fundo prevê um crescimento de 3,2% e aponta como tarefa geral “derrubar a inflação sem uma recessão global”. Mostrou preocupação com a eleição de Trump, nos EUA, que poderá provocar uma guerra de tarifas com a China, que poderá afetar um quarto de todo o comércio de mercadorias e 6% do PIB mundial. Destacou a resiliência da economia mundial e previu um pouso suave, marcando o fim da reanimação.

As tensões políticas e geoestratégicas continuam elevadas, com o aumento dos riscos na guerra da Ucrânia (chegada de tropas da Coreia do Norte no front) e continuidade dos massacres em Gaza, Líbano, Síria e Irã.

O estado de Israel, em ações terroristas, passou a bombardear, com as bombas enviadas pelos EUA, as agências bancárias em Beirute, a pretexto de atacar as finanças do Hezbolah. Ao bombardear uma agência bancária, destrói um quarteirão inteiro e mata dezenas de civis, enquanto o mundo ocidental civilizado a tudo assiste, passivo, com apenas algumas simbólicas declarações.

Mas o estado sionista de Israel não se satisfaz apenascom as mortes com bombas. Tem usado também a arma da fome, pois com ela é mais barato assassinar em massa mulheres, crianças e idosos. Agora o próprio parlamento do país votou e aprovou, por ampla maioria, uma lei proibindo a atuação da agência da ONU (a UNRWA), que se encarrega das ações humanitárias em Gaza, na Palestina e demais territórios ocupados. Como vemos a atitude genocida não é só do governo fascista de Netanyahu, é do próprio povo israelita que, em sua esmagadora maioria, é sionista. Esta ideologia envenena a comunidade judaica em todo o mundo e é apoiada por ela, que alimenta o Estado assassino com suas remessas de dólares. Dominando o setor financeiro em todo o mundo, os judeus impõem aos governos seus interesses. O apoio dos EUA à política genocida do governo de Netanyahu é resultado desta dominação.

Para cumprir a profecia “um povo sem terra para uma terra sem povo”, e como a terra prometida ao “povo de Deus” tinha povo, o estado sionista pretende eliminar o povo da terra. Este é o objetivo do estado de Israel: eliminar o estado Palestino e todo o seu povo. Ao apoiaresta política genocida a comunidade judaica espalhada pelo mundo torna-se cumplice.

Concluindo esta análise, lamentamos o traumatismo sofrido pelo presidente, que o impediu de participar das reuniões dos BRICS, e o embaraçoso veto do Brasil, à inclusão da Venezuela como membro da instituição.