Eleição TikTok
Esqueçam os santinhos de papel onde os candidatos aparecem repaginados pelo photoshop, com aquele sorrisão, prometendo mundos e fundos para o incauto eleitor. Os tradicionais panfletos políticos, que faziam a fortuna das gráficas e poluíam as ruas, as praças e as nossas consciências, são coisas do passado.
Desde 2018 que as mídias sociais dominam o processo eleitoral. Jair Bolsonaro, até então desconhecido da maioria da população, surfou com desenvoltura nas redes sociais. Contando com apenas 8 segundos de tempo para a propaganda oficial de rádio e TV, o capitão transformou-se em mito político, mobilizando sua milícia digital e abusando das fake news nos canais de comunicação da internet, principalmente o WhatsApp.
Na campanha eleitoral deste ano, a vez será do TikTok, o aplicativo de mensagens curtas que tem conquistado corações e mentes dos internautas. Como um vírus ultra contagioso, o TikTok tem se espalhado de forma acelerada entre os eleitores de todas as idades, gêneros e faixas de renda.
Assim como a bússola, a pólvora e o papel, o TikTok foi inventado pelos chineses. Lançado no mercado em 2016, seu intuito é compartilhar vídeos curtos e de fácil assimilação. A partir de 2018, o TikTok tornou-se o aplicativo mais baixado nos Estados Unidos e espalhou-se pelos cinco continentes, alcançando 150 países em 75 idiomas. De acordo com o jornal Folha de São Paulo, o TikTok já conta com um bilhão de usuários no mundo. No Brasil, o número de seguidores já é de 75 milhões.
De olho nesse crescente nicho de eleitores, boa parte dos políticos e todos os presidenciáveis já possuem contas no TikTok. Através de vídeos curtos e diretos, os candidatos almejam atingir milhões de pessoas num curto espaço de tempo e com baixos custos operacionais.
Entre os candidatos a presidente, Jair Bolsonaro (PL) é aquele que tem mais seguidores no TikTok, com um total de 1,8 milhão. Em um distante segundo lugar vem Ciro Gomes (PDT), com 157,5 mil. Lula (PT), o último dos postulantes a ingressar no TikTok, tem apenas 105 mil.
Mais importante do que o número absoluto de seguidores é a quantidade de vezes em que um vídeo publicado é compartilhado em outros aplicativos, como WhatsApp e Instagram. É a quantidade de compartilhamentos que fará a diferença na campanha eleitoral.
O marketing político tem mudado de maneira vertiginosa nos últimos anos. Os eleitores, ávidos por novidades, têm passado cada vez mais tempo grudado nas telas dos celulares. Os candidatos que não se adaptarem às inovações midiáticas ficarão para trás. Esse é um caminho irreversível.
Até agora não se sabe qual será o impacto do TikTok na eleição que se avizinha. Mas o fato é que ele será estratégico na decisão de grande parcela do eleitorado na hora de escolher o próximo presidente do Brasil.