Política com pimenta

“Conversei mais com Pedro em uma tarde do que com João em todo o mandato”, dispara Efraim Filho

Já na oposição, o deputado federal e pré-candidato ao Senado Efraim Filho (União Brasil) não tem mais papas na língua e faz críticas abertas e contundentes ao ex-aliado João Azevêdo. Do governo, segundo ele, os Morais deram muito mas receberam muito pouco:

“Nos entregamos ao governo com lealdade, compromisso e votos durante esse período que estivemos juntos e em troca recebemos indecisão.

Indecisão que teria como pano de fundo o apoio a Aguinaldo Ribeiro (Progressistas), adversário de Efraim na disputa interna que ele acabou perdendo.  A frustração gerou reação.

Segundo Efraim,

“Quem mais andou ao lado do governador, quem acompanhava as agendas nas visitas aos municípios, quem, como coordenador da bancada, fazia parceria com o estado sempre fomos nós. Se dependesse de Aguinaldo, João Azevêdo nem governador seria.

A preferência, ainda não declarada explicitamente, de João Azevêdo por Aguinaldo Ribeiro âncora-se em algo fundamental da disputa: o apoio da prefeitura de João Pessoa. Com o Progressistas e Cícero Lucena em sua base, o governador terá a máquina do Estado e do maior colégio eleitoral ao seu alcance. Abrir mão disso em nome de Efraim seria loucura. João não rompeu. Deixou a decisão para o agora ex-aliado.

Em busca de destaque, Efraim Filho mirou em Pedro Cunha Lima. Será o candidato ao senado do grupo. Há um alinhamento ideológico entre os dois. A pauta econômica afeita a privatizações é ponto de unidade, e a primeira aparição pública dos dois tem data certa:

“Essa identidade de agenda nos aproximou muito. Eu diria que de zero a dez hoje, a chance de composição com Pedro seria dez. Provavelmente a primeira aparição pública conjunta  será quinta feira, em Lagoa Seca, na desincompatibilização do prefeito Fábio Ramalho, que é uma das forças do agrupamento. Fábio que já tinha compromisso com Aguinaldo e declara apoio a gente nessa quinta.

Efraim justifica a aliança que reedita a composição de 2002 entre tucanos e democratas na Paraíba. Diz que são dois “jovens audaciosos, com muita oxigenação de ideias” .

Como política tem um componente pragmático muito forte (João que o diga!) , há outras questões envolvidas. Efraim bateu o pé na disputa pelo Senado, ao que tudo indica, porque terá dinheiro para bancar a candidatura. O Fundo Eleitoral do União Brasil é o maior do país. Por sua vez, com Efraim, Pedro Cunha Lima, até então pouco expressivo no debate e com oposição também na direita de um bolsonarista raiz (Nilvan Ferreria/PTB), pode trabalhar uma chapa mais competitiva fora da região da Borborema.

Como se vê, nenhum movimento é motivado por paixão. Tudo é cálculo, político e eleitoral. O ressentimento de Efraim, nessa lógica, pouco se sustenta. Em ano de eleição, vale a lei da sobrevivência.