Enfim, juntos!

Finalmente, Jair Bolsonaro disse sim ao ínclito Valdemar da Costa Neto, presidente do Partido Liberal. Agora é oficial. Bolsonaro ingressou no PL, o maior partido do Centrão. Desde 1989, Bolsonaro já passou por 8 partidos (PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP, PSC, PSL), todos do campo político de direita.

Com sua filiação ao PL, Bolsonaro retorna ao bloco político conservador ao qual pertenceu durante os 28 anos de vida parlamentar. Sua retórica contra a “política do toma lá, dá cá”, esgrimida em 2018, era apenas isso: pura retórica. A total subserviência ao Centrão tem demonstrado cabalmente que, na verdade, Bolsonaro nunca abandonou suas origens.

Atualmente, o Partido Liberal tem 43 deputados federais e muita força política no Congresso Nacional. O PL passou a ter notoriedade a partir de 2002, quando Lula (PT) compôs a chapa presidencial com os liberais através do seu vice-presidente, o empresário e senador mineiro José Alencar. Com a aliança com o PL, Lula suavizou sua imagem de radical e acenou para o mercado financeiro de que não iria realizar uma “revolução comunista” quando sentasse na cadeira presidencial.

Nas duas últimas décadas, o PL serviu com dedicação aos presidentes Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer. Com a entrada de Bolsonaro nas suas fileiras, o PL almeja ampliar o número de parlamentares no Congresso Nacional e assim adquirir mais musculatura política para futuras barganhas, independentemente de quem assumir o Palácio do Planalto em 1º de janeiro de 2023.

Bolsonaro retornou ao núcleo político ao qual sempre pertenceu: o Centrão. Um aglomerado político formado por partidos fisiológicos e políticos camaleônicos que se adaptam a qualquer governo, desde que as benesses estatais continuem fluindo através de emendas parlamentares, cargos federais e outros benefícios não tão republicanos.

Na campanha presidencial do próximo ano, Bolsonaro não poderá apresentar-se como paladino contra o sistema político tradicional e da luta contra a corrupção. O PL tem uma longa trajetória de participação em governos anteriores. Sua imagem está maculada por escândalos de corrupção. O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, foi condenado a dez anos e sete meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro por participar do esquema do Mensalão.

O Partido Liberal representa a política tradicional que permanece ditando as regras da governança no país. Independente de quem seja eleito no próximo ano: Lula, Bolsonaro, Moro, João Doria, Ciro Gomes ou um aventureiro qualquer, lá estará o PL, comandado pelo seu presidente, Valdemar da Costa Neto, “garantindo a governabilidade do Brasil”, sendo o fiel da balança de um país que teima em não romper com seu passado, seja pela direita, seja pela esquerda.