O futuro de Haddad

Perder é doloroso. Todo político deseja ganhar. Mas nem sempre pode ser assim. Faz parte do jogo democrático o triunfo ou o fracasso. Na política, é possível aprender mais com as derrotas do que com as vitórias. Só aqueles que têm vocação para galgar novos desafios conseguem perceber isso.

Fernando Haddad (PT) só venceu uma única eleição e perdeu várias vezes. Foi amadurecendo com as duas experiências. Com o passar dos anos, tornou-se mais moderado na fala, mais equilibrado nas ações, mais político, menos professoral.

No primeiro governo de Lula (PT), Haddad saiu das salas de aula para ocupar o cargo mais importante na construção de uma nação: ministro da Educação. Fez uma gestão democrática e eficaz. Criou o ProUni, ampliou o FIES e implantou o ENEM. Foi um dos ministros mais longevos. Ficou na pasta de 2005 até 2012.

Haddad foi picado pela mosca azul. Apaixonou-se pela política. Em 2012, foi eleito prefeito de São Paulo, a maior cidade do país. Sem traquejo com o dia-a-dia da política na selva de pedra, 4 anos depois perdeu a reeleição já no primeiro turno. Amargou sua primeira e acachapante derrota.

Em 2018, Haddad, em larga medida desconhecido no país, foi lançado candidato a presidente do Brasil, com o aval de Lula. Para surpresa de muitos, disputou com Bolsonaro o segundo turno. Perdeu mais uma vez. Mas passou a ser um político de dimensão nacional. O que não é pouco.

Em 2022, Haddad disputou o governo do estado de São Paulo. Foi derrotado pelo carioca Tarcísio de Freitas (PR), o candidato apadrinhado por Bolsonaro (PL). Mais um fracasso eleitoral. Todos pensavam que ele estivesse liquidado.
Ao assumir o ministério da Fazenda, Haddad enfrenta seu maior desafio político: ocupar o Palácio do Planalto.

Se a economia der certo, gerando emprego, diminuindo as desigualdades e promovendo o desenvolvimento, Haddad será um fortíssimo candidato a suceder o presidente Lula. Se a economia degringolar, será taxado como um fracassado contumaz.