“Povo” armado … e escravizado

Aproxima-se a eleição. Provavelmente quando esta Análise estiver ao alcance do leitor as eleições serão um fato consumado e já estaremos sofrendo as consequências dos resultados, que são temerosos, quaisquer que sejam. Vivemos um clima de total insegurança.

Lula continua como favorito nas pesquisas, mas a diferença é pequena e o fanatismo está se exacerbando. Muito dinheiro está sendo derramado para compra de votos e a fúria fanática religiosa nas igrejas, principalmente pentecostais, eleva-se a um nível nunca visto. Os ambientes mais sagrados estão sendo profanados. Imaginem se os católicos começassem a entrar nos templos protestantes para ofender os pastores?

  Felizmente a provocação armada pelo Roberto Jefferson deu errado. O tiro saiu pela culatra (politicamente) embora, na realidade, tenha saído pela boca dos fuzis que ele ilegalmente (para vergonha das autoridades) possuía. Eis o resultado das novas normas editadas pelo governo: um prisioneiro, utilizando armas privativas das forças armadas, sem qualquer controle, disparando contra a própria polícia federal. 

O apoio do Governo ao ataque teve de ser retirado às pressas e transformado em uma leve condenação à loucura ou insensatez do amigo e aliado que, há muito, vinha ensinando, impunemente, como resistir à polícia. Afinal, “um povo armado jamais será escravizado” como manda o “Führer”. O apoio do Bolsonaro ao ataque foi retirado e transformado em leve condenação à insensatez do amigo e aliado. E se a moda de atirar na Federal pegar? 

A Polícia Federal saiu desmoralizada da ação. Dois agentes feridos, viaturas picotadas a bala de fuzil, 3 granadas nas fuças e uma amigável conversa com um delicado negociador especialmente enviado. Que vergonha!!! Para não falar do ministro da Justiça enviado especialmente para o local e retido em uma cidade próxima diante do escândalo que estourou. Imaginem se o atirador fosse um petista qualquer? Que vergonha! Para agravar o absurdo até um falso padre foi mobilizado para acalmar o irado bolsominion.

O governo foi obrigado a tirar o time de campo diante da revolta dos policiais e da sociedade. Até seus cupinchas mais fiéis, como os residente da Câmara e do Senado, condenaram o ato. 

Isto foi um aviso para o que se está preparando. E se o “povo armado”, para “não ser escravizado”, obedecendo ao comando do “Führer”, ganhando ou perdendo as eleições, resolver agir da mesma forma? O que farão os Polícias Federais, as outras polícias, o exército (conivente com este quadro) e as demais forças armadas? Este é o problema. Tudo é uma questão de conceito. O “povo” para ele, é formado pelos seus seguidores fanáticos e irracionais, os bolsominions, os milicianos, os empresários mais atrasados e reacionários tipo “veio da havan”. Armas para os que devem constituir seu exército particular cuja missão é submeter e escravizar o restante da população. E as armas serão utilizadas contra aqueles se atreverem a descumprir as determinações emanadas do ditador mesmo os que tem por obrigação garantir a ordem democrática. Eles que se cuidem pois amanhã poderá ser tarde demais. Foi assim na Alemanha e na Itália. Já começou a ser assim aqui. 

 Eis o ambiente em que ocorrerão as eleições. O país ficará em grande tensão até o final do domingo ou segunda feira. Isto se a apuração terminar. O Alexandre que se cuide e mobilize forças militares suficientes e fiéis capazes de conter a matilha de cães raivosos. Está aí o exemplo dos EUA com a invasão do Capitólio. 

Como o leitor deve estar percebendo as decisões eleitorais estão tomadas nesta altura dos acontecimentos e não adianta nenhuma linguagem coloquial para convencer qualquer pessoa. Sem nenhuma paciência para dialogar com fanáticos irracionais passo a apresentar algumas tendências preocupantes de evolução da economia que continuam a confirmar as nossas previsões. Depois das eleições teremos de continuar vivendo.

Temos alertado para a aproximação de uma grande crise que certamente nos envolverá. Novas afirmações de organizações internacionais surgiram. Em uma reunião do G24, grupo dos 24 países em desenvolvimento mais importantes, o vice-presidente do Banco Mundial (Bird) afirmou que a desaceleração hoje é mais forte do que em recessões anteriores. Os ministros de Finanças do G24 divulgaram um comunicado dizendo que “os riscos negativos para as perspectivas econômicas levam a temores de uma recessão global” e “as condições financeiras estão piorando”. O Secretário Geral da ONU, Antônio Guterres afirmou que os países em desenvolvimento já perderam US$390 bilhões de reservas internacionais neste ano pela fuga de capitais e desvalorização de suas moedas. O FMI declarou que podemos estar diante de uma policrise em escala mundial. Com tantos motores parados ao mesmo tempo (EUA, UE, China), as perspectivas são sombrias. O FMI refere, entre as nuvens escuras que pairam no horizonte, a crise energética na UE, as altas taxas de juros nos países desenvolvidos e a desaceleração da China. Na base disto estão a crise do corona vírus e a guerra na Ucrânia.

As consequências para o Brasil são pesadas. A economia contraiu-se -0,8% em agosto ante julho de acordo com o Monitor do PIB da FGV. No mesmo período a queda nos serviços foi de -0,4% e na indústria -0,8%. A deflação observada no país não atingiu a cesta básica que continuou subindo de preço. Também o Banco Central pulicou o seu Índice de Atividade o chamado IBC-Br que é considerado uma previsão do PIB. Em agosto a queda deste índice foi de -1,1%. Como vemos se o panorama é difícil na política, na economia não há o que comemorar. O crescimento só existe na propaganda eleitoral do governo e nas fake news que seu bando propaga. 

Além destes problemas locais, preparemo-nos para enfrentar o tsunami vindo de fora que nos atingirá após as eleições.