“Esse armamento generalizado também tem um objetivo político”
Do professor-doutor Lúcio Flávio Vasconcelos, da UFPB.
No rastro de milhares de mortos por armas de fogo, o capitão Cloroquina aprontou mais uma das suas diabrites. Depois de fazer amplas concessões aos políticos do Centrão, deputados camaleônicos que adoram as benesses do Estado, Bolsonaro fez um aceno aos 20% dos brasileiros que o idolatram, aquele aguerrido grupo de bolsonaristas que o consideram um verdadeiro mito em carne e osso.
Jair Bolsonaro assinou quatro novos decretos presidenciais em edição extraordinária do diário oficial. Esses decretos flexibilizam ainda mais a possibilidade de brasileiros comprarem e poderem usar armas de fogo.
Em 2020, o Brasil bateu recorde no número de armas circulando no país. De acordo com os dados da Polícia Federal, foram registradas 179,771 novas armas no ano passado, um aumento de 91% ante o registrado em 2019 (94.064), ano em que já havia ocorrido uma forte alta (84%). Com certeza, boa parte desse armamento já passou para as mãos dos bandidos.
Há uma ilusão de que a arma nos traz segurança. O próprio Bolsonaro, em 1995, teve sua motocicleta e pistola Glock 380 roubadas em assalto. Em declaração à imprensa, o então deputado federal, num arroubo de sinceridade, afirmou: “mesmo armado me senti indefeso”.
Esse armamento generalizado também tem um objetivo político. Caso esses decretos sejam efetivados, muitos bolsonaristas convictos estarão armados e prontos para entrarem em ação em 2022, caso Jair Bolsonaro não seja reeleito.