“Essa é uma questão técnica”, escorrega Queiroga ao ser questionado sobre cloroquina; Veja o vídeo
O Ministro da Saúde, o paraibano Marcelo Queiroga, presta depoimento à CPI da Covid nesta quinta (6), mas até agora não respondeu às perguntas centrais dos senadores sobre as ações do governo federal no combate à pandemia. Queiroga foi questionado sobre tratamento precoce contra covid-19 por dez vezes e não respondeu.
Sobre a compra de vacinas, legislação e uso da hidroxicloroquina, o cardiologista — que assumiu o ministério em março — repetiu diversas vezes que não era capaz de responder a certas perguntas dos senadores.
Queiroga se recusou a responder se concorda com o presidente Jair Bolsonaro sobre o uso da hidroxicloroquina para tratar o coronavírus.
“Essa é uma questão técnica que tem que ser enfrentada pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS). O ministro é a última instância na Conitec, então eu vou precisar me manifestar tecnicamente”, afirmou o ministro, que disse não ter recebido nenhuma orientação direta do presidente sobre o assunto.
Apesar da insistência do relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), o ministro não deu sua opinião e pediu que entendessem sua opção de não responder.
O fato do presidente ter incentivado publicamente o uso da cloroquina e de outros medicamentos cuja eficácia não é comprovada é um dos pontos centrais sob investigação na comissão. Sob a gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde implementou a distribuição dos medicamentos sem comprovação, conhecidos como “tratamento precoce”, e incluiu a cloroquina no protocolo de tratamento do SUS. Até janeiro de 2020, o governo já tinha gasto quase R$ 90 milhões com a compra de medicamentos do ‘”tratamento precoce”.
O ministro também respondeu que ele não autorizou a distribuição de cloroquina durante sua gestão e que não sabe se o Ministério da Saúde tem distribuído o medicamento.
Compra de vacinas
Queiroga também afirmou que, se tivessem as doses que o governo recusou, isso “fortaleceria nosso programa” de vacinação, mas que não poderia falar sobre o histórico da atuação do ministério em 2020 e os contratos com as fabricantes de vacinas feitos na gestão anterior.
Questionado se concorda com a afirmação do presidente, no meio do ano passado, de que a doença “estava indo embora” e com a fala do ex-ministro Eduardo Pazuello, que disse que compraria a vacina da Pfizer “a depender do preço”, Queiroga evitou opinar.
“Eu sou ministro da saúde e não compete a mim fazer juízo de valor a cerca da opinião do ministro Pazuello ou do presidente da República”, disse.
“O que nós fazemos no Ministério da Saúde é fazer recomendações sanitárias próprias para o combate à covid-19. Isso eu tenho feito desde o primeiro dia de mandato, trabalhado para uma ampla campanha de vacinação, incentivado o uso de medidas não farmacológicas, procurado atender os Estados e municípios. O que não está na minha alçada não cabe a mim fazer juízo de valor.”
Isolamento social
Queiroga evitou opinar sobre a declaração de Bolsonaro na quarta (5/5) sobre a criação de um novo decreto contra a implementação de políticas de isolamento.
“Não vou fazer juízo de valor”, disse o ministro.
Veja parte do vídeo interrogatório com o ministro Marcelo Queiroga.