Opinião

PSDB mira em 2022 mas precisa corrigir rota se quiser levantar voo

Em 2018 o PSDB paraibano elegeu três federais. Um grande desempenho que não se repetiu na disputa ao Senado. Cássio Cunha Lima, o maior líder tucano na Paraíba, não conseguiu se reeleger e saiu da disputa com uma amarga quarta colocação.

Em 2020, 27 tucanos foram eleitos para governar prefeituras na Paraíba. Foi o segundo partido que mais elegeu prefeitos, assim como em 2016. A diferença é que lá foram 37, 10 a mais. Olhando para esses números, comparando um com o outro, a desidratação é cristalina.

Não é caso isolado. O PSDB vem perdendo forças com o desembarque de quadros fortes, a exemplo de Antônio Anastasia, de Minas Gerais, que migrou para o PSD. Trajetória também de Romero Rodrigues, ex-prefeito de Campina Grande.

O partido sentiu o peso da fragmentação partidária. Além disso, se tornou refém das próprias escolhas e de uma política que reproduz, em grande medida, interesses de uma minoria. Quando em 2014 questionou o resultados as urnas, causou um ruptura do tecido democrático.

Foi um escolha do PSDB apoiar o bolsonarismo e medidas que acentuaram a desigualdade e a pobreza no país. O fortalecimento de Bolsonaro, uma mistura de um conservadorismo fundamentalista com um liberalismo econômico altamente agressivo, enfraqueceu a partido.

Escolhas trazem consequências. O PSDB as colhe em meio a um esforço para retomar espaço e protagonismo. O tucanato tem feito encontro pelo país na tentativa recuperar forças e se viabilizar como uma terceira via.

Neste domingo, um dos pré-candidatos à presidência do país pelo partido, Arthur Virgílio está na Paraíba. Há 15 dias foi João Dória. Querem demonstrar que há ânimo intrínseco para uma retomada. Aqui, particularmente, de uma oposição que anda apagada e fortemente abalada com a desistência de Romero à disputa pelo governo.

O PSDB sabe que sem participar ativamente do processo não há como garantir relevância. No contexto da Paraíba essa questão tem um peso importante. Marcar posição é um passo que o tucanato é obrigado a dar sob o risco de torna-se mera muleta eleitoral e de cair de vez no ostracismo.

Cabe autocrítica. Suas lideranças estão dispostas a enfrentar o divã e a entender que a conexão com o eleitorado passa pela identificação de suas preferências e tentativa real de correspondê-las? Se a resposta for sim, precisam abandonar a narrativa de que são uma alternativa aos extremos. Ela é falsa. O PSDB esteve até dia desses ao lado do governo que só agora resolveu atacar. Podia ter zarpado antes. Podia nem ter embarcado.

Pós a visita de Arthur Virgílio, as lideranças locais voltam a se reunir sob o comando de Cássio Cunha Lima. Sim, ele agora deixa os bastidores desde a derrota para o Senado e retoma, publicamente, as articulações locais em nome da necessidade que se impõe. Na falta de Romero, o plano P, de Pedro, pode entrar em ação. Para ele, deputado federal com chances factíveis de reeleição – apesar de ter perdido mais de 100 mil votos entre uma eleição e outra –  uma opção com alta dose de renúncia.

Cássio é o segundo nome. Uma solução politicamente perigosa que pode ser inócua. Mesmo com boa densidade eleitoral, sem as condições necessárias ele pode sofrer nova e fatal derrota para sua carreira política. Abrir mão da disputa, no entanto, seria a morte em vida. Ele e o PSDB paraibano estão em uma encruzilhada. Daí a importância de um candidatura forte à presidência que ajude a sustentar e impulsionar candidaturas estaduais.

Eis o desafio maior: ampliar o arco de alianças nacional em um ambiente hiperfragmentado, recuperar sua base social que colou em Bolsonaro, construir um nome competitivo para impulsionar o partido e os diretórios regionais a partir de algo novo. Cássio ou Pedro não têm a máquina na mão e dependem disso. O cenário, contudo, é adverso. O PSDB anda gastando muita energia com as disputas internas. Ou se reorganiza rápido ou não terá tempo de fermentar um projeto viável para 2022.