Moro, a fraude: ex-juiz e Bolsonaro se igualam na mesma inclinação totalitária
Eis que Sérgio Moro reaparece, com o messianismo e o discurso justiceiro de sempre, transbordantes no seu retorno aos holofotes. Moro exercitou as cordas vocais e estudou pausas teatrais, tentando dar alguma credibilidade ao estilo “corvo” moralista, atualizado para o século 21, só que sem a capacidade retórica do modelo original, o udenista Carlos Lacerda.
O erro de Moro é achar que o Brasil ainda está em 2018 e que vai votar em 2022 movido pelo ódio, por ele estimulado quando conduziu a Lava Jato. No processo que levou à condenação do ex-presidente Lula, o então juiz rasgou o devido processo legal e a Constituição. Isso não é versão nem narrativa. É o entendimento consagrado pelo STF, que o considerou um juiz suspeito.
Este é o fato mais importante da biografia do agora candidato e não pode ser naturalizado como página virada. Isso revela a essência de Moro. Ele grampeou advogados de Lula (tendo acesso, portanto, às estratégias de defesa do réu); determinou condução coercitiva espetacularizada; divulgou áudio ilegal e seletivo envolvendo a presidente Dilma, vazou delações.
O vale-tudo processual deu caráter de justiçamento à Lava Jato, feriu o Judiciário, a democracia e o país. Tudo com a complacência da mídia, a mesma que agora parece ver no ex-juiz o nome que procura para a terceira via como quem busca o Santo Graal.
Moro nunca demonstrou o menor constrangimento em servir a um presidente adepto da tortura e com notórias conexões criminosas. Tentou dar a policiais esdrúxula licença para matar sob forte emoção. Como quem fareja carniça, quando deixou o governo, foi ganhar dinheiro no processo de recuperação de uma das empresas que ajudou a esfolar.
Agora, Moro se apresenta como democrata. É uma fraude. Ele e Bolsonaro se igualam na mesma inclinação totalitária. As semelhanças, aliás, foram ressaltadas por pessoa insuspeita. Foi a senhora Moro quem disse, quando este ainda era ministro, que via o marido e o presidente como “uma coisa só”.
Por Cristina Serra
Foto: Sergio Moro discursa em cerimônia de filiação ao Podemos –
Extraído da Folha
Não entendi a relação entre o Presidente da República e “inclinação totalitária”. A pessoa que tem defendido o controle da imprensa e das redes sociais é outra. Também não me recordo de Bolsonaro ter obrigado o povo a ficar trancado dentro de casa ou de ter colocado a polícia para algemar mulheres em praça pública porque decidiram dar um passeio em uma rua deserta.
Falta um pouco de discernimento de sua parte acerca do que é totalitarismo. Ou seria de honestidade no comentário?
Júnior, você fala do artigo de opinião da Cristina Serra? Bem, a opinião de colunistas é de responsabilidade de cada um deles, mas a jornalista, renomada e premiada por sinal, fecha o texto com maestria ao citar a comparação feita pela mulher do ex-juiz. Um e outro são a mesma coisa em suas inclinações, disse a cônjuge do agora oficialmente político Sergio Moro. Não vejo qualquer desonestidade intelectual no pensamento da Cristina Serra, tampouco a tentativa de relativizar o imenso desamparo em que o governo brasileiro deixou e tem deixado a massa de vulnerabilizados deste país – massa esta que só aumenta. Sua discordância da autora não a descredibiliza.
Creio que a Cristina Serra não se refere à versão clássica do totalitarismo, mas de suas nuances que são reproduzidas agora na capacidade de ambos de minarem as instituições e sua imagem perante a sociedade, na política do ódio que dissemina o medo, por exemplo. Enfim, o texto de pouco discernimento nada tem.
Quanto à regulamentação da mídia, nada tem a ver com “controle da imprensa” ou com regulamentação de conteúdo.
Grata pela sua colaboração.
Um abraço.