Para Demétrio Magnoli, chapa Lula-Alckmin “é para inscrever na pedra a terceira via”
“Segundo as análises convencionais, a explicação para o fracasso encontra-se na polarização política entre Bolsonaro e Lula, que fecharia o caminho a uma candidatura alternativa, de centro. Há bem mais que um simples equívoco no diagnóstico.
Polarização? As pesquisas evidenciam que a rejeição a Bolsonaro situa-se em torno de 60% do eleitorado. São os que não votariam no presidente em nenhuma hipótese, parcela que chega a 64% entre os pobres e 54% na Região Sul, suposta fortaleza do bolsonarismo. Se o pleito fosse hoje, Lula triunfaria no primeiro turno. A polarização circunscreve-se às redes sociais. Não existe polarização eleitoral.
A alta finança e os empresários financiados pelo BNDES amaram Lula durante dois mandatos e permaneceram com Dilma até 2015, depositando suas esperanças no providencial Joaquim Levy. A ruptura só se deu quando o populismo econômico atingiu o paroxismo, apontando rumo a um túnel argentino ou a um abismo venezuelano. Sem os feiticeiros dilmistas da “nova matriz econômica”, Lula não corre risco de desestabilização. A chapa com Alckmin é para inscrever na pedra a “terceira via” — e, assim, triunfar no primeiro turno.”