Manoel Júnior: um médico com alma de político
Manoel Júnior morreu aos 59 anos nesta terça-feira (28/02). Morte prematura, consequência de um câncer no pâncreas. Estava no quarto mandato como prefeito de Pedras de Fogo, sua cidade natal. Médico, começou a vida política ainda muito jovem e foi ele o responsável pela implantação, décadas atrás, do modelo de saúde da família no município. Algo inédito, replicado depois em todo o país.
Certa vez perguntei a Manoel Júnior porque entrar na política. Ele respondeu: “eu sou apaixonado por isso”. Embora não tenha nascido em uma família tradicional da política paraibana e herdado as benesses desse núcleo de poder, furou bloqueios. Foi vice-prefeito de João Pessoa por duas vezes, indicado pelo MDB. Foi também o deputado estadual mais votado em 2002, e exerceu três mandatos como deputado federal. Relatou projetos importantes, como o da repatriação de divisas e gerou polêmica por incluir na proposta recursos decorrentes de caixa dois, descaminho, falsidade ideológica e anistia aos envolvidos.
Manoel Jr entendeu o funcionamento dessa engrenagem chamada Brasília. Chegou a ser cogitado para ministro da Saúde no governo de Michel Temer e , antes disso, em 2011, foi indicado, na cota o partido, para ministro do Turismo do governo Dilma Rousseff, que vetou o nome do paraibano pelo suposto envolvimento na morte de um vereador. A denúncia foi feita pelo então deputado Luiz couto, do PT, na CPI dos grupos de extermínio, e lhe custou o cargo.
Em sua trajetória, Manoel Júnior foi também presidente da Federação das Associações dos Municípios da Paraíba (FAMUP) e integrou a Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Como se vê, ele teve momentos de glória e experimentou dissabores. Derrotado em nova disputa para a Câmara Federal, voltou à terra de origem. Recomeçou. Tinha o sonho de ser senador da República, acabou vencido pelo câncer. Deixa uma história de luta e, gostem ou não, um legado na política paraibana.