Opinião

O almoço do Republicanos, as eleições municipais e o preço das alianças

O endosso do Republicanos à gestão do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP) e ao seu projeto de reeleição em 2024 despertou ciumeira no deputado estadual Adriano Galdino, que admitiu ter ficado “constrangido” com a forma como tudo se deu. O constrangimento de Galdino se deu por ele não ter sido consultado. De certo, achou que teria voz ativa no partido por ser presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) e porque a legenda é dona da maior bancada na Casa, razão pela qual se autodenomina como “a maior força da Paraíba”.

Há controvérsias. Embora conte com oito deputados, o Republicanos fez 17 prefeituras em 2020, nenhuma no litoral, e a maioria pelo sertão. Aumentar esse capital é ainda um desafio – estamos falando de um crescimento substantivo de um partido que não tem base popular, mas que vem sabendo se movimentar muito bem.

Galdino até poderia estar insatisfeito por não ter sido consultado, e estaria exercendo seu justo de direito de questionar a política interna, afinal, comanda um dos Três Poderes no Estado. Porém, ele entrou no Republicanos sabendo que o partido tinha dono. Voltando ao fato gerador: o almoço do domingo a quase dois anos da eleição. Como não há sentido em discussão tão prematura, há de ser ter outra coisa por trás para além do apoio irrestrito – e tão criticado por Galdino – ao prefeito da capital por parte da legenda.

Ao que tundo indica, o “grande” evento político do Republicanos não estaria relacionado somente às eleições vindouras ou a questões do presente, mas às eleições passadas, o que envolveria a cobrança de cargos em troca do apoio oferecido em 2020 e reforçaria a teoria de que não há almoço grátis. Será que vem algum Secretário do Republicanos por aí?

O Republicanos

A legenda é dirigida por Hugo Motta, tem como presidente o ex-senador e empresário do ramo da Comunicação, Roberto Cavalcanti Ribeiro; e como secretário-geral, Nabor Wanderley Filho. Seria uma comissão provisória que de provisória nada teve. Essa informação é fundamental para compreendermos porque Galdino não entrou na discussão. É que ela inexistiu. Apesar da trio reconhecido pelo Diretório Nacional e dos parlamentares que fizeram do Republicanos a maior bancada da ALPB, quem manda nesse quadrado mesmo é Hugo Motta.

Hugo Motta

O deputado vem de uma “linhagem” de tradição política no sertão paraibano. Filho e neto de políticos por parte de mãe e pai, tem 33 anos e está no terceiro mandato como deputado federal e é líder do Republicanos na Câmara Federal desde 2018.