A foto que está dando o que falar
Na visita Lula à Paraíba nesta quarta-feira (23) uma foto do ex-deputado federal e candidato ao governo do Estado Pedro Cunha Lima (PSDB) com o presidente petista não passou despercebida pelo radialista Nilvan Ferreira (PSL), que disputou o governo nas últimas eleições. Ele escreveu:
“A foto explica mais ainda porque eu preferi ser leal ao presidente Bolsonaro no segundo turno da eleição, ano passado. Prefiro ter posturas claras e concretas. Tenho lado claro e o meu lado não é o palanque do PT, nem da esquerda.”
Pedro também disputou o governo da Paraíba. Foi, portanto, adversário de Nilvan. No segundo turno não apoiou Lula, nem Bolsonaro. A “neutralidade” foi uma tentativa de capturar votos da esquerda e da extrema-direita em uma eleição polarizada.
Nilvan, em eterna campanha, não é bobo. A publicação da foto é pretexto para reforçar sua posição e responder à parcela da população que ficou órfã depois da queda de Jair Bolsonaro. Bolsonaristas correspondem a 1/3 do eleitorado segundo as pesquisas têm mostrado, e isso, a depender do cenário, leva uma disputa para o segundo turno. Então Nilvan cumpre seu papel: com mensagens do tipo ajuda a manter o rebanho e evita sua dispersão. Está preparando o terreno para 2024.
Mas a leitura que Nilvan traz da foto de Pedro com Lula é estreita e sintetiza bem o acanhado horizonte bolsonarista. A imagem mostra algo trivial e saudável na democracia: adversários se cumprimentam e dialogam. Que mal há nisso? Na democracia há espaço para críticas e divergências, não para inimigos. Na política fascista, sim, porque ela vive do ódio e da divisão. Divisão e ódio não matam fome, não geram emprego e dignidade, nem reduzem as desigualdades, mas, de forma líquida e certa, acentuam a violência. Que tipo de política a gente quer pra gente?