O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (Progressistas), anda bem à vontade pra falar de sua relação com o governo federal. Para ele, ambos estão alinhados e, em seis meses de Lula, o Município já recebeu mais recursos que em todo o governo Bolsonaro:
“Eu tive contribuições do governo Bolsonaro, sem dúvidas, mas com Lula nós estamos convergindo muito mais. Nós lançamos o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), em que multiplicamos em 11 vezes o valor, de R$ 250 mil para quase R$ 4 milhões, e mais do que triplicamos o número de pessoas atendidas. Antes eram 2,3% da população, agora são 6,9%. Temos seis cozinhas comunitárias e vou colocar mais três. Ou seja, é o nosso olhar para essa garantia“.
Cícero também mencionou os investimentos na área de habitação popular com recursos federais em João Pessoa:
“Já foram dois programas habitacionais, ou seja, mais de R$ 70 milhões só nos programas habitacionais. O projeto já estava lá dentro, mas foi autorizado agora.”
Embora seja do Progressistas, partido que não integra a base de Lula, e esteja ideologicamente em campo oposto ao do PT, Cícero afirma que tem vários partidos de esquerda em seu arco de alianças, como o PSB, do vice Leo Bezerra, e o PDT, do vereador Junio Leandro; garante que sua aproximação com o governo petista não tem nada a ver com seu projeto de reeleição, mas com a forma de fazer política:
“É um alinhamento de gestão, de cuidar da cidade de João Pessoa“, reforçou.
Cícero Lucena sempre esteve ligado à direita. O momento e o desenho do governo Lula III, no entanto, facilitam esse alinhamento. Lula foi eleito com uma frente ampla, apoio de legendas de diferentes espectros políticos e vem insistindo no diálogo para ampliar sua base em busca de governabilidade, isso inclui o União Brasil, por exemplo, resultado da fusão entre DEM e PSL. Ainda não tem o Progressistas, mas pode ter. Afinal, a política é dinâmica.
Enquanto isso, Cícero colhe os frutos. Sabe que trabalhar junto a um governo aberto ao diálogo em nome do desenvolvimento coletivo é solução para driblar dificuldades. A possibilidade de convergência existe quando não há extremismo, quando a política se pauta por ela, e não pelo ódio ou desejo de desconstrução e aniquilamento (como no bolsonarismo). Aliás, é preciso resgatar o valor da politica em suas dimensões mais profundas porque é ela, sendo bem aplicada, que faz a diferença na vida nossa de cada dia. Basta de política miúda.