Opinião

Desigualdade no ranking de competitividade dos estados revela desafios da Paraíba

A edição mais recente do Ranking de Competitividade dos Estados, divulgada nesta quarta-feira, 23, coloca em evidência a persistente desigualdade entre as diferentes regiões do Brasil. O levantamento revela um cenário de dois “grandes brasis”, com os Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste mantendo suas posições no topo da lista, enquanto os estados do Norte e Nordeste continuam a enfrentar desafios significativos.

A posição no ranking é determinada através da atribuição de pontos a partir de uma análise de 99 indicadores que abrangem áreas como infraestrutura, sustentabilidade social e ambiental, segurança pública, educação, estabilidade fiscal, eficácia administrativa, capital humano, potencial de mercado e inovação. Este ano foram incluídos 13 novos indicadores, como violência sexual, trabalho infantil, inadimplência, comprometimento de renda e preservação da vegetação pelos imóveis rurais.

Constatou-se que a desigualdade social e econômica persiste nas regiões Norte e Nordeste. A pandemia agravou ainda mais a situação, aumentando os índices de pobreza nessas áreas. Cinco estados dessas regiões apresentam um cenário alarmante, com pelo menos 10% das famílias vivendo abaixo da linha de pobreza, tendo renda mensal de cerca de R$ 285, o que representa um aumento significativo em relação a 2016, quando nenhum estado estava nessa condição. São eles: Paraíba, Acre, Bahia, Maranhão e Pernambuco. A Paraíba, aliás, caiu no ranking: saiu de 12ª para 13ª posição. Contudo, é o segundo estado do Nordeste em competitividade.

A infraestrutura e a qualidade de vida nessas regiões continuam sendo desafios cruciais. Onze estados do Norte e Nordeste têm menos de 50% das casas com acesso à rede de coleta de esgoto, indicando a necessidade de investimentos em saneamento básico para melhorar as condições de vida da população.

Em termos de infraestrutura, por exemplo, a Paraíba alcançou uma nota de 54,6, ocupando a 5ª posição no país. Há um esforço para melhorar as condições de infraestrutura no estado, o que contribui para uma maior competitividade. No entanto, há espaço para crescimento, uma vez que São Paulo, com uma nota perfeita de 100,0, lidera esse indicador.

Em segurança pública, a Paraíba ficou em 3º, com 86,0 pontos, atrás apenas de São Paulo e do Distrito Federal. Este quesito é crucial para atrair investimentos e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Em compensação caiu para 20ª colocação em Educação, área fundamental para o desenvolvimento do estado, e que, pelo que demonstram os índices, precisa avançar.

Em eficiência da máquina pública, a Paraíba ocupa a 15ª.  Em relação à sustentabilidade, nota baixa: de 37,5, situando-se na 18ª posição. Em termos de solidez fiscal, a Paraíba obteve nota 68,0 e está em 10º lugar. Importa dizer que responsabilidade fiscal é vital para sustentar investimentos e o crescimento econômico, portanto, precisa melhroar.  Detalhe: São Paulo, com uma nota de 64,8 e a 13ª posição, reflete que mesmo estados altamente competitivos podem enfrentar desafios nesse quesito.

Outros estados do Nordeste

Vale mencionar que há sinais de avanço no Nordeste. O Maranhão, por exemplo, registrou uma ascensão de cinco posições, indo da 26ª posição em 2022 para a 21ª este ano. Isso sugere que, mesmo diante dos desafios, vem conseguindo implementar estratégias que melhoram sua competitividade.

Alagoas é outro exemplo. O estado, que sempre teve problemas históricos com indicadores de mortalidade infantil e materna e, em 2018, lançou o projeto CRIA, que tem apresentado bons resultados. Ele integra políticas públicas nas áreas de saúde, educação, assistência e desenvolvimento social. O alvo são famílias com gestantes e crianças de 0 a seis anos, em situação de vulnerabilidade e risco pessoal e social.

Importância do Ranking

É inegável que o desafio de nivelar a desigualdade e fomentar a competitividade nas regiões Norte e Nordeste requer um compromisso contínuo por parte dos gestores públicos. Nesse sentido, o Ranking de Competitividade  pode servir como bússola para orientar ações que aprimorem a eficiência dos estados e sua competitividade, desenvolvimento equitativo e sustentável, em especial no caso da Paraíba, cujo desempenho é variado nos diferentes pilares, com progresso em alguns setores e necessidade contínua de aprimoramento em outros.