Opinião

Racha na direita pode fortalecer Cícero Lucena?

Integrantes do movimento da direita em João Pessoa continuam divididos e sem perspectivas de consenso, se afastam do Bolsonarismo tão defendido. Depois do lançamento da pré-candidatura do comunicador Nilvan Ferreira à prefeitura da capital, ocorrida na última segunda-feira (6), o ex-ministro da saúde Marcelo Queiroga, afirmou que é ele quem representaria o Bolsonarismo.

Queiroga, já posto como pré-candidato do PL, evita comentar, mas se antecipa como melhor opção. “Quem tem que avaliar é a população de João Pessoa e que teria um projeto para fazer melhor de verdade. O diretório nacional do  PL colocou nosso nome para ser oferecido à sociedade pessoense, pois é consistente e tem a liderança do presidente Jair Bolsonaro, quem vai avaliar as melhores condições apresentadas”, disse

Marcelo Queiroga não quis se aprofundar na escolha de Nilvan e sobre a relação do chamado ‘triunvirato’ com o ex-presidente Jair Bolsonaro. “Nós tratamos de questões que são relevantes para a sociedade de João Pessoa. Aqui quem representa a escolha do ‘presidente Bolsonaro’, sou eu, que sou presidente do diretório estadual do Partido Liberal (PL). Essa escolha já está sacramentada. Essas outras questões são irrelevantes”, avaliou Queiroga.

O ex-ministro fez questão de reforçar o lembrete de que ele é o representante oficial de Bolsonaro na Capital paraibana, enquanto presidente do diretório municipal da legenda, e que o PL, ao escolher o seu nome em detrimento do do comunicador, faz a aposta correta em quem pode construir um projeto de uma João Pessoa melhor de verdade.

A verdade é que esse embate traz preocupação sobre a manutenção do movimento, dentro do bolsonarismo. O deputado estadual Sargento Neto (PL), é um dos que tenta seguir como “bombeiro” na legenda, alimentando o entendimento de que o racha na direita fortalece reeleição de Cícero Lucena em João Pessoa.

“O que eu pretendo é conciliar os dois grupos. O grupo dividido fortalece o atual prefeito, Cícero Lucena. Se nós temos uma direita, se o presidente Bolsonaro diz que o candidato é Marcelo Queiroga causa uma problemática”, apontou para um possível  posicionamento contrário à orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O parlamentar ainda lembrou a necessidade de alinhamento para unir forças para fortalecer o projeto de Bolsonaro em conquistar prefeituras por todo o país, para que todos os aliados possam se sustentar na política.

“Na minha concepção, se tivermos os dois no mesmo palanque, todos os que compõem a direita de João Pessoa, tenho certeza de que iríamos para uma campanha forte com chances de vitória. Precisamos alinhar essas lideranças”, avaliou.

Na avaliação do cientista político Lúcio Flávio, a divisão da direita entre Marcelo Queiroga e o chamado ‘triunvirato’ enfraquece  o bolsonarismo na capital. O especialista aponta para uma possível interferência do deputado federal Wellington Roberto.

“Essa divisão da extrema direita enfraquece o bolsonarismo e ajuda a candidatura de Cícero Lucena. Acredito que a questão da escolha de Marcelo Queiroga para ser o candidato do PL, passa muito mais pelo deputado federal Wellington Roberto do que por Bolsonaro”, diz.

Lúcio Flávio ainda avaliou que o presidente estadual do PL nunca aceitou o grupo de extrema direita dentro do PL na Paraíba. “Bolsonaro sabe da força e experiência política de Wellington Roberto dentro do PL. Os  integrantes do triunvirato são neófitos. Mas Nilvan demonstrou nas urnas, tanto em 2020 quanto em 2022, que tem muito apoio popular, tanto na capital quanto na grande João Pessoa”, concluiu o cientista político.

Nilvan Ferreira está sem definição de que partido seguirá. Walber Virgulino e Cabo Gilberto tentam ser expulsos do PL para não correrem o risco de perder os mandatos. O pedido já foi encaminhado ao presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto.

Os três, nas eleições de 2022, obtiveram 582.899 votos, sendo Nilvan o mais votado para o governo, em toda grande João Pessoa, no primeiro turno. Nilvan ainda tem colocado na conta da direita conservadora os votos do pastor Sérgio Queiroz, que também foi o mais bem votado na capital para o senado. No estado, ele obteve 233.549.

Nos bastidores, ventila-se a possibilidade de ingresso do trio no Partido Novo, que  tem se aproximado de Jair Bolsonaro e ainda segue sem representante  com mandato na Paraíba.

Entre os partidos que estão abrindo as portas, aparece o vereador Guga que já anda se antecipando como presidente do partido Mais Brasil, que deve nascer da junção entre o PTB e Patriotas,  presidido pelo vereador Marcílio, abriu a legenda para Cabo Gilberto. O vereador ainda abriu as portas da legenda para Nilvan Ferreira, mas fez uma ressalva: a vaga seria para disputa de vereador em João Pessoa, não tendo oportunidade para uma candidatura a prefeito de João Pessoa.

“Se ele quiser a gente dá a legenda com certeza, porque é um grande nome para a cidade de João Pessoa”, disse Guga, que é aliado do prefeito Cícero Lucena e já teria deixado escapar a possibilidade de apoio em 2024.