Opinião

Ditadura nunca mais!

Há 60 anos, o Brasil mergulhava em uma das épocas mais sombrias de sua história, com o golpe de 1964 instaurando uma ditadura que perduraria por 21 anos, marcada por perseguições, cassações e violações dos direitos humanos.

Apesar das tentativas de revisão e romantização desse período, a verdade sobre os horrores da ditadura persiste graças às vozes corajosas que se recusam a ser silenciadas. Embora alguns tenham tentado justificar a ditadura com a narrativa de progresso econômico, a realidade foi de desigualdade crescente e endividamento externo insustentável.

A corrupção prosperou durante o período, com interesses públicos subjugados aos privados, enquanto o controle rígido sobre os meios de comunicação silenciou qualquer dissidência.

Passadas seis décadas, o Brasil ainda não superou completamente os traumas da ditadura. A ascensão do bolsonarismo em 2018 e a eleição da maior bancada de extrema-direita na história do país em 2022 demonstram que as feridas do passado ainda estão presentes.

A tragédia brasileira é evidente: um país que não confrontou seu passado autoritário, que não responsabilizou os perpetradores de crimes contra a humanidade, mas os recompensou com impunidade e privilégios. Como resultado, persistem a cultura da violência, o autoritarismo nas instituições e os ataques aos direitos individuais e coletivos. A democracia, embora formalmente estabelecida, permanece frágil e ameaçada, refletindo uma história não resolvida e uma sociedade dividida.

1964 nos assombra, e o episódio de 8 de janeiro de 2023, com a tentativa de golpe por meio de ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília, é prova inconteste de que este cálice permanece. Diante do fantasma do retrocesso são imperativos resistência ativa e monitoramento constante das instituições para garantir um futuro onde os horrores do passado não se repitam e onde os valores democráticos sejam verdadeiramente protegidos.

Resistir e vigiar é preciso para construir uma sociedade mais justa, igualitária e livre. “Ditadura nunca mais!”