Culto ao ódio
O palestino-brasileiro Hasan Rabee finalmente conseguiu escapar dos massacres que ocorrem na Faixa de Gaza. Ao longo de um mês, período em que aguardava a autorização de saída da região conflagrada, ele fez vídeos relatando o drama da sua família e dos demais brasileiros que ansiavam escapar do conflito.
Suas postagens não tinham teor político. Hasan não defendia o Hamas nem acusava o Estado de Israel. Apenas demonstrava a angústia da espera, a falta de comida, a dificuldade em conseguir água, o desejo de retornar ao Brasil.
Ao embarcar no avião que o levaria de volta ao seu país, Hasan respirou aliviado. Com voz calma e alegre, com aquele sotaque que revela sua dupla nacionalidade, afirmou que finalmente iria para a sua pátria usufruir da paz. Ledo engano.
Ao desembarcar em solo brasileiro, Hasan Rabbe foi recebido pelo presidente Lula, que o abraçou e o felicitou. Hasan e seus familiares agradeceram o apoio do governo federal e o empenho do presidente em trazê-los de volta.
A partir desse gesto de reconhecimento e gratidão, a vida de Hasan e de seus familiares tornou-se um novo tormento. Pessoas de extrema direita passaram a hostilizar violentamente Hasan pelas redes sociais. Ele já recebeu centenas de ameaças. Acusaram-no de terrorista e partidário do Hamas.
Integrantes da extrema direita cultuam o ódio e têm a violência, verbal e física, como principal meio de ação. Utilizam dessas práticas virulentas para atemorizar seus adversários e intimidar a população. Hasan saiu de uma guerra para cair em outra. Ele é mais uma vítima do neofascismo cotidiano que grassa em nossa sociedade.