Elas não?
A indicação do senador Flávio Dino (PSB) para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) reacendeu a polêmica em torno do número de mulheres ocupando altos cargos no nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário no Brasil. Elas continuam em ínfima minoria.
Com a nomeação de Flávio Dino, o presidente Lula (PT) perdeu uma grande oportunidade de demonstrar que não concorda com o machismo estrutural que predomina em todas as esferas da sociedade brasileira.
As mulheres formam a maioria da sociedade. De acordo com o censo de 2022, elas perfazem 51,5% da população. Além disso, as mulheres têm, em média, mais escolaridade do que os homens e expectativa de vida maior do que o contingente masculino, pois cuidam mais da saúde. Fumam e bebem menos.
De acordo com a OIT (Organização Internacional do Trabalho), as mulheres sofrem menos acidentes de trabalho, pois são muito mais atenciosas e responsáveis, e sua produtividade se assemelha à dos homens. Mesmo assim, recebem menos do que eles pelas mesmas tarefas.
O machismo estrutural tem raízes históricas. Está vinculado ao domínio secular dos homens sobre as mulheres. Passa pelo mercado de trabalho e reflete no mundo político. Em 2022, foram eleitas apenas duas governadoras: Fátima Bezerra (RN) e Raquel Lyra (PE). Do total de 513 deputados federais, apenas 91 são mulheres. Dos 81 senadores, 15 são do gênero feminino.
Participação política gera poder e ganhos materiais. A ampliação do papel das mulheres exige um embate cotidiano com os valores conservadores arraigados e mudança da cultura machista que está entranhada em todos nós, homens e mulheres.